O circo está montado. Nesta quinta, 9, a Band, que já fez história na redemocratização, e realiza, tradicionalmente, o primeiro debate da televisão aberta em todas as eleições desde 1989, fará o primeiro de uma série de dez (!) encontros entre os postulantes ao Planalto – overdose desnecessária, falta de um acordo de cavalheiros decente entre os marqueteiros e seus representantes. Seria possível fazer dois ou três debates relevantes, em pool, e o eleitor agradeceria. Mas os debates se multiplicaram como se isso ampliasse o processo democrático. Bem ao contrário. Os candidatos à Presidência, que desperdiçarão um tempo enorme se preparando para o paredão de debates, no entanto, preferem a quantidade à qualidade – e o negócio é ocupar espaço, nem que seja na Jovem Pan, TV Gazeta ou na TV Aparecida. Mas a burrice maior é tentar, baseado em interpretações convenientes da lei eleitoral, tirar o PT do debate, líder nas pesquisas de intenção de votos. Não entendem que o filtro é das urnas, não deles.
O PT terá candidato – e se não for Lula, será Haddad. Manuela D´Ávila é a vice em qualquer circunstância. Ainda assim, inflando a bolha que sustenta a mídia, o primeiro debate ocorrerá no cabresto do TSE, e estaremos vendo o mediador Ricardo Boechat intermediar a “troca de ideias” entre gente como Cabo Daciolo (Patri) e Alvaro Dias (Pode), além de Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (Psol) e Marina Silva (Rede). Parabéns, Fernando Mitre, pelo que faz pela Band. Quem passar do primeiro bloco, ganha uma passagem para Miami, só de ida.
O PT considerou uma estratégia jurídica. Entrou com um mandado de segurança no Tribunal Regional Federal da 4ª Região para que o ex-presidente, preso desde o dia 7 de abril, participasse do primeiro debate entre presidenciáveis promovido pela TV aberta. Além da participação presencial no estúdio da TV Bandeirantes, em São Paulo, ou por videoconferência, o PT sugeriu a participação de Lula por “meio de vídeos previamente gravados” na cela em que está preso.
O fato é que isso não dará em nada. Fernando Haddad já tenta, ao menos, ter vaga nos estúdios como convidado.A equipe do ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão disse que a execução provisória da pena “não pode ter o condão de lhe cassar ou suspender os direitos políticos, ou mesmo a liberdade de expressão e de comunicação” do petista, que foi aclamado candidato do partido na convenção nacional, mas está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. A fábula ficará nos atos. O PT, por hora, está excluído do direito de debater seu programa para o país.