Os tucanos estão desesperados e com razão. Geraldo Alckmin não emplaca em nenhuma pesquisa e essa será a primeira vez, desde 1989, que o PSDB não figurará entre as duas candidaturas mais votadas para a presidência. Colhem, porém, o que plantaram.
O desprezo pela democracia, surgido após a quarta derrota presidencial seguida, jogou o partido, e sua importância histórica, na vala comum do golpismo e do oportunismo. O PSDB optou pela política feita com o fígado, pelo vale tudo, justo o que Bolsonaro faz com maestria; abriram espaço para o crescimento de uma direita fascista no Brasil.
Tanto que Tasso Jereissati, ex-presidente tucano e poderoso empresário brasileiro, fez um importante mea-culpa nessa semana, ao reconhecer três grandes erros. O primeiro deles foi contestar o resultado eleitoral logo no dia seguinte à eleição. Depois, segundo Tasso, o PSDB votou contra seus princípios, apenas para ser contra o PT. Por fim, o mais grave dos erros: compor o governo Temer, a “gota d’água, junto com os problemas do Aécio”.
Em um cinismo inacreditável, o PSDB tenta se descolar do MDB, mas os brasileiros sabem que os tucanos foram decisivos para a entrada do governo ilegítimo, tanto pelos votos dados no impeachment, quanto pelo clima criado no país após a vitória de Dilma.
Aécio Neves, no dia seguinte à derrota, ingressou na Justiça contra a presidenta democraticamente eleita, apenas, como ele mesmo disse, “para encher o saco”. Um verdadeiro atentado às instituições foi cometido, como reconhece, tardiamente, Jereissati.
O resultado desse desatino nos levou até aqui; são 13 milhões de desempregados e 30 milhões de desocupados, além de 63 milhões de pessoas inadimplentes, enquanto meia dúzia de bancos lucram de maneira exorbitante.
Hoje, a prioridade absoluta é a transferência de recursos do orçamento para o pagamento de juros e amortizações aos credores da dívida. Para isso, os investimentos sociais foram congelados, bloqueando a renda disponível para o consumo, para a produção e para a infraestrutura, o que impede mais arrecadação. Ficou comprovado que o desrespeito às instituições atuou fortemente sobre a economia, desorganizando-a completamente.
Seguramente, o governo eleito de Dilma tinha correções a fazer na política econômica, nas áreas fiscal, tributária e financeira, em razão de decisões que, embora tivessem sido tomadas por boa fé, colheram resultados insuficientes. É preciso destacar, porém, que o governo Dilma tomou medidas para fortalecer o setor produtivo, como, por exemplo, as desonerações de custos de produção para as empresas, a redução das tarifas de energia elétrica e os preços subsidiados da gasolina e do petróleo. De um lado, os empresários tiveram lucratividade elevada; de outro, aumentou-se poder de compra dos trabalhadores, para aquecer a economia.
Erros e acertos são próprios de regimes democráticos. Porém, qualquer recuperação ficou mais difícil a partir do início do processo golpista, capitaneado por Aécio Neves, aliado de Temer, ambos empenhados em destruir direitos e conquistas dos trabalhadores, bem como acelerar desnacionalização da economia. Não se pode deixar de lembrar do papel sujo desempenhado por Eduardo Cunha nesse processo ao apressar, no Legislativo, a aprovação das chamadas pautas-bombas, que contribuíram para aprofundar o desajuste fiscal e a crise de governabilidade. O resultado? O golpe paralisou a economia e produziu a recessão.
Nessa cruzada antidemocrática, Aécio teve ajuda decisiva do seu colega Antônio Anstasia, que relatou o processo golpista do impeachment no Senado Federal. Manipulou os fatos para criminalizar decisão de Dilma de antecipar verbas orçamentárias a fim de garantir programas sociais indispensáveis à sobrevivência dos mais pobres.
Dois anos depois dessa aventura política suicida, os tucanos amargam a descrença da população, e, mesmo assim, querem voltar a governar Minas Gerais. Anastasia tenta se desvencilhar de Aécio. Já o PSDB, tenta se desvencilhar de Temer. E todos eles acham que enganam o povo.
Fonte: Brasil 247
Créditos: Brasil 247