Se um parente ou amigo pede o seu nome emprestado para fazer compras ou um empréstimo, o que você faz? Aceita imediatamente, pede para pensar ou nega?
Levantamento com consumidores feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que, entre 805 entrevistados, em todas as capitais do país, 36% já haviam feito compras com nome de terceiros nos 12 meses antes da pesquisa.
Entre os consumidores que responderam, o cartão de crédito foi o mais pedido (74%). Em seguida, aparecem crediário (13%), financiamento (10%) e empréstimo bancário (9%).
Não é fácil negar ajuda a uma pessoa próxima. Mas, antes de aceitar, é preciso refletir bem para que você também não acabe se complicando financeiramente, segundo especialistas em educação financeira.
Responsabilidade é de quem empresta
Se alguém entra em contato pedindo seu nome para um empréstimo, é evidente que a pessoa não está em boa situação financeira e é possível que não consiga arcar com o pagamento, sobrando para você. Afinal, a responsabilidade pelo pagamento será sempre de quem está com o nome no contrato.
Por isso a orientação é não emprestar, segundo Camila Viana, superintendente da Cercred, empresa de recuperação de crédito.
José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil, diz que, se concordar em emprestar, saiba se a pessoa realmente está em uma situação difícil.
“Existem situações e situações. Há pessoas sérias, com dificuldades momentâneas, muitas vezes por questões de saúde, por exemplo”, afirma Vignoli. “[É melhor] emprestar em uma situação em que efetivamente julgue que seja necessário. Medir quanto aquele dinheiro vai fazer falta a você e entender o que levou a pessoa a chegar àquela situação.”
Informe-se
Se quiser emprestar, é preciso buscar informações para minimizar riscos e não ser surpreendido. Camila Viana orienta a buscar o histórico da pessoa, saber se ela costuma fazer esse pedido com frequência, se está desempregada ou tem alguma renda.
Pergunte a razão do pedido, por que a pessoa não está em condições de pedir o empréstimo, se está com o nome sujo, quanto dinheiro será necessário e para que será usado.
Caso aceite emprestar, combine previamente como e quando o dinheiro será devolvido.
“É melhor deixar apalavrado porque, mesmo que não dê certo, você tem argumentos para cobrar sem constrangimento”, afirma Vignoli.
Camila Viana lembra também que é preciso avaliar se você terá condições de arcar com o empréstimo, caso a pessoa não pague.
Não responda imediatamente
O educador financeiro afirma que, muitas vezes, a pessoa é pega de surpresa com o pedido e aceita sem refletir. Ele recomenda, porém, pedir uns dias para pensar na proposta.
Vignoli afirma que, além de ganhar tempo para decidir se deve ou não emprestar o nome, isso pode desestimular o empréstimo.
“Muitas vezes a pessoa que pede dinheiro já está acostumada a fazê-lo. Ela vai pelo caminho mais fácil. A partir da menor dificuldade [como o pedido de tempo para pensar], ela vai procurar em outro lugar”, diz.
Ele também recomenda dizer que vai conversar com familiares antes de decidir. “Isso faz com que as pessoas desistam, muitas vezes”, afirma.
Não fique constrangido em negar
Caso opte por negar, não há necessidade de constrangimento. Vignoli aponta que quase metade das pessoas (49%) que disseram que já pediram o nome emprestado afirmam que não emprestariam seu nome, entre os entrevistados pelo SPC Brasil.
Ou seja, quem usa desse expediente muitas vezes sabe dos riscos envolvidos e que não é uma situação fácil.
Fonte: Bol
Créditos: Bol