O preço do barril de Brent do mar do Norte atingiu nesta terça-feira (21) seu nível mais baixo desde dezembro de 2001, devido à queda da demanda de petróleo.
Por volta das 7h45 (horário de Brasília), o barril da commodity era vendido a US$ 21,30, em queda de 16,70%. Mais cedo, o barril com entrega em junho chegou a US$ 18,10, de acordo com a France Presse.
O barril do West Texas Intermediate (WTI), que na véspera fechou em nível negativo pela primeira vez na história, mostrava recuperação perto do mesmo horário, subindo 83,26%. Ainda assim, o preço seguia negativo, em -US$ 6,30. Na segunda-feira, enquanto o mercado tentava se desfazer dos contratos futuros que vencem essa semana, o WTI fechou em queda de 306%, a -37,63 o barril.
Na prática, com o preço em terreno negativo, produtores e investidores pagam para que o produto fosse armazenado. Não está claro, porém, se isso chegará aos consumidores, que geralmente observam os preços mais baixos sendo traduzidos em valores mais baixos da gasolina nas bombas.
O armazenamento está cheio demais para que especuladores comprem esse contrato, e as refinarias estão operando a níveis baixos porque não flexibilizamos as ordens de isolamento na maior parte dos Estados”, disse Phil Flynn, analista do Price Futures Group em Chicago. “Não há muita esperança de que as coisas possam mudar em 24 horas.”
Poucos compradores; aumento das reservas
O contrato de barril de WTI para entrega em maio expira nesta terça-feira (21), o que significa que aqueles que o assinaram tiveram de encontrar compradores físicos. Com o aumento das reservas nos Estados Unidos nas últimas semanas, os produtores foram obrigados a baixar o preço para fazer essa conta fechar.
Na semana passada, a Administração de Informações sobre Energia dos EUA informou que as reservas de petróleo subiram 19,25 milhões de barris, enquanto a demanda recuou 30%.
O tombo desta segunda abriu a maior diferença da história entre o contrato atual e o próximo. O contrato junho do WTI, mais ativo, terminou a sessão em nível muito superior ao maio, cotado a US$ 20,43 o barril. O spread entre os dois vencimentos chegou a bater US$ 60,76, o maior da história para dois contratos próximos.
A situação pode melhorar nos próximos dias, segundo alguns analistas. “É um pouco enganoso focar no contrato de maio”, explicou Matt Smith, especialista da ClipperData. “Há muito mais movimento nos barris para entrega em junho”, disse ele sobre o contrato, que, ainda em declínio, mantém os preços acima de US$ 20.
Mercado pressionado
Embora países produtores tenham concordado em reduzir bombeamento e as maiores petroleiras do mundo também estejam diminuindo produção, os cortes não serão rápidos o suficiente para evitar problemas nas próximas semanas
Nas últimas semanas, o mercado de petróleo tem sido pressionado com o avanço do coronavírus. Bloqueios e restrições de viagens em todo planeta têm um forte impacto na demanda. A crise aumentou depois que a Arábia Saudita, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), iniciou uma guerra de preços com a Rússia, que não integra o cartel.
Os dois países encerraram a disputa no início do mês, quando aceitaram, ao lado de outros parceiros, reduzir a produção em quase 10 milhões de barris diários para estimular os mercados afetados pelo vírus. Ainda assim, os preços continuam em queda. Analistas consideram que os cortes não são suficientes para compensar a forte redução da demanda.
“Os preços do petróleo continuarão sob pressão”, destaca o banco ANZ em um comunicado. “Embora a Opep tenha aceitado uma redução sem precedentes na produção, o mercado está inundado de petróleo”, acrescenta a nota.
“Ainda existe o temor de que as instalações de armazenamento nos Estados Unidos estejam ficando sem capacidade”, analisa o banco.
Fonte: G1
Créditos: G1