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"MAIOR CRISE HÍDRICA DO BRASIL"?! Aneel anuncia que contas de luz ficarão 5% mais altas em 2022

 

André Pepitone, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), informou nesta terça-feira, (15), que haverá alta de pelo menos 5% na conta de luz em 2022. O motivo é a crise hídrica enfrentada pelo país neste ano.

O aumento do preço na energia deve-se ao acionamento das usinas termelétricas, que são mais caras, na tentativa de suprir a queda de geração das usinas hidrelétricas, uma vez que o país enfrenta a maior seca dos últimos 91 anos.

“O número que o Ministério de Minas e Energia tem usado publicamente é que vamos ter um custo adicional de R$ 9 bi, até abril já se gastou R$ 4 bi adicionalmente. Isso vai ter impacto adicional na tarifa de 5% [em 2022]”, explicou Pepitone.

De acordo com as previsões, informadas durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados para debater a crise hídrica, o impacto deve chegar aos “consumidores livres” (empresas que compram energia direto nas distribuidoras) ainda neste ano.

Bandeiras mais caras
Já nas próximas semanas, deve entrar em vigor uma outra elevação nos preços das faturas domésticas. Pepitone informou que o reajuste deve passar os 20%.

As bandeiras tarifárias são um sistema que sinaliza aos consumidores os custos reais da geração de energia elétrica. O funcionamento é simples: as cores das bandeiras (verde, amarela ou vermelha) indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração de eletricidade.

Diante do cenário crítico de estiagem, o reajuste, que já estava previsto, será ainda maior. “O que acontece é que todo ano, após período úmido, em abril, a Aneel discute o valor que será o patamar da bandeira. Neste ano, nós estamos diante da maior crise hídrica que o país vivencia”, justificou o diretor-geral da Agência. “Nós não temos praticamente água para atender a geração de energia até novembro. Até lá, teremos que atender com as térmicas e isso tem um custo”, completou.

A bandeira vermelha patamar 2, com o aumento do preço, custará mais de R$ 7 a cada 100 kWh de energia consumidos, segundo Pepitone.

“Nós fizemos uma consulta pública que apresentou valor de R$ 7 e alguns centavos, mas com certeza esse valor ainda deve superar um pouco os R$ 7, os 20%”, afirmou.

Indagado pelos deputados, o diretor disse que não haverá uma taxa mais cara que essa. “Os mecanismos das bandeiras continuam sendo os mesmos”, ponderou.

Crise hídrica
Conforme antecipou o Metrópoles no início de maio, a crise hídrica que boa parte do país enfrenta está preocupando o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne gestores do setor.

Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), não foram observados valores significativos de precipitação, comportamento típico da estação seca, condição que deverá se manter nos próximos meses, especialmente na região Sudeste/Centro-Oeste.

A situação hidrológica é crítica atualmente na bacia do rio Paraná, que engloba as bacias dos rios Paranaíba, Grande, Tietê e Paranapanema. “Nessas bacias, estão localizadas as usinas hidrelétricas com os principais reservatórios de regularização do SIN, cujos recursos são operados de maneira que, nos períodos secos, seus estoques possam ser utilizados de forma otimizada e com vistas a garantir o devido atendimento à carga”, explicou o Ministério de Minas e Energia, em nota.

Para se ter dimensão da escassez de água nas bacias das usinas, um quarto dos reservatórios das hidrelétricas está com nível abaixo de 30%. Dez dos 39 reservatórios estão no limite da reserva.

Diante da situação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou sobre o assunto a apoiadores em frente ao Palácio da Álvorada no início do mês.

“Energia: estamos com problema, a maior crise hídrica da história do Brasil. Apesar disso, tá indo bem. É que não tem roubalheira, né? Avisar o presidente [Omar Aziz], o relator da CPI [Renan Calheiros] que não tá tendo roubalheira”, disse.

Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba