Caiu mais 0,38%

Com coronavírus, Brasil tem menor inflação dos últimos 22 anos

 

O Brasil registrou o segundo mês consecutivo de queda de preços em maio. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação brasileira já havia recuado 0,31% em abril, mas caiu mais 0,38% em maio deste ano por conta dos impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus. Foi a menor variação mensal da série histórica desde agosto de 1998 (-0,51%).

O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio foi divulgado nesta quarta-feira (10/6) pelo IBGE e reflete o movimento desinflacionário causada pela pandemia do novo coronavírus, que reduziu a demanda das famílias brasileiras ao provocar o fechamento do comércio e reduzir a renda de milhões de trabalhadores. Segundo o IBGE, cinco dos nove grupos de produtos pesquisados tiveram deflação em maio. E até os preços dos alimentos, que estavam em alta desde o início da pandemia, perderam força no mês passado.

A maior contribuição negativa da deflação de maio, contudo, veio novamente do grupo de transportes, que recuou mais 1,9% em maio devido à redução de 4,56% do preço dos combustíveis. Só a gasolina, que já havia caído 9,31% em abril, ficou 4,35% mais barata em maio. Ainda houve queda de preços do etanol (-5,96%) e do óleo diesel (-6,44%). E esse movimento desinflacionário, associado à baixa demanda por voos, também provocou um baque de 27,15% no preço das passagens aéreas.

 “A gasolina é o principal subitem em termos de peso dentro do IPCA e, caindo 4,35%, acabou puxando o resultado dos transportes para baixo, assim como as passagens aéreas, que tiveram uma queda de 27,14% e foram a segunda maior contribuição negativa no IPCA de maio”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Outra contribuição negativa partiu do grupo de habitação (-0,25%). Afinal, em maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz, até o fim deste ano devido à crise causada pelo coronavírus. Com isso, o impacto da energia elétrica no bolso do consumidor brasileiro caiu 0,58%.

Ainda foi registrada deflação no grupo de vestuário, que havia marcado uma inflação positiva de 0,10% em abril, mas registrou uma variação negativa de 0,58% em maio. O resultado reflete o barateamento das roupas femininas (-0,88%), dos calçados e acessórios (-0,74%), das roupas masculinas (-0,55%) e das roupas infantis (-0,29%). Os outros impactos negativos vieram dos grupos de saúde e cuidados pessoais (-0,10%) e de despesas pessoais (-0,04%).

Alimentos
Os alimentos, que subiram de preço com a pandemia do novo coronavírus, continuaram puxando a inflação para cima em maio. A alta de preços dos alimentos, contudo, pesou menos no bolso dos consumidores brasileiros no mês passado. É que, depois de subir 1,79% em abril, o grupo de alimentação e bebidas variou apenas 0,24% em maio. A desaceleração foi influenciada, sobretudo, pela redução dos preços da cenoura (-14,95%) e das frutas (-2,10%).

“É normal que os alimentos tenham uma alta no início do ano, especialmente nos primeiros três meses, por conta das questões climáticas que prejudicam as lavouras. […] Com a melhora das condições climáticas, eles começam a ter uma reposição nos mercados e, com isso, uma queda no preço”, explica Kislanov, destacando que isso também ajudou a reduzir a inflação da alimentação no domicílio de 2,24% em abril para 0,33% em maio.

Outros produtos, por sua vez, continuaram ficando mais caros no mês passado. Entre eles, a cebola (30,08%), a batata-inglesa (16,39%) o feijão carioca (8,66%) e as carnes, que vinham em queda há quatro meses consecutivos, mas subiram 0,05% em maio.

Já a alimentação fora do domicílio, que nesta época de isolamento social reflete principalmente os serviços de delivery, também desacelerou. Segundo o IBGE, a inflação desse grupo variou de 0,76% em abril para 0,04% em maio, devido, sobretudo, aos preços dos  lanches, cuja alta caiu de 3,07% para 0,83%.

Fonte: Correio Braziliense
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