O volume de financiamentos imobiliários deve continuar crescendo em 2021, após ter batido recorde em 2020. A expectativa da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é que o montante financiado chegue a R$ 157 bilhões este ano – uma alta de 27% em relação a 2020.
Para quem está planejando comprar a casa própria, nem o aumento da Selic – que passou de 2% para 2,75% ao ano na quarta-feira (17) –, deve mudar esse cenário de forma imediata. Especialistas afirmam que este é o momento ideal para financiar um imóvel, já que as taxas devem voltar ao patamar de dois dígitos por volta do ano que vem — uma vez que a curva de juros futuros está apontando para cima.
“[Com a alta da Selic] Pode haver um incremento de juros, mas nada significativo a ponto de as pessoas reverem seus planos. Em 2017, as taxas eram de 11%. Hoje, são de 6,8% Há um intervalo enorme”, disse Cristiane Portella, presidente da Abecip.
Na avaliação da executiva, além dos juros mais atrativos, o setor foi beneficiado também pela demanda dos brasileiros por imóveis maiores, com espaço de lazer e cômodo para home office.
“E para facilitar os consumidores, há opções de financiamentos com correção pelo IPCA, taxas pré-fixadas, fixas e pela poupança. O brasileiro hoje tem novas opções para comprar a casa própria”, acrescentou.
O financiamento imobiliário é uma das linhas de crédito que tendem a ser mais afetadas pelo aumento da Selic, avaliou o economista Reginaldo Nogueira, diretor-geral do Ibmec São Paulo.
“Neste primeiro momento, o efeito tende a ser moderado, mas o mais importante é a tendência. Como a Selic deve continuar aumentando nos próximos meses, essa linha vai se tornar mais cara”, explicou.
Na avaliação de Luiz Antonio França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), enquanto o setor imobiliário oferecer taxas abaixo de dois dígitos, ainda vai haver aumento de apetite dos brasileiros por imóveis.
“Quando um empresário compra um imóvel, faz isso porque espera que haja demanda para o empreendimento. O Brasil tem necessidade de construir”, exemplificou França.
De acordo com a entidade, as incorporadoras comercializaram 119.911 unidades em 2020, volume 26,1% superior ao registrado em 2019.
Sandro Gamba, diretor de negócios imobiliários do Santander Brasil, concorda com França, da Abrainc: os juros baixos estimulam a compra e a venda de imóveis e também investimentos ligados ao setor imobiliário.
“A cada 1% de redução da taxa de juros, a capacidade de comprovação de renda do cliente aumenta 10%. Ou seja, acrescenta mais clientes ao mercado”, disse.
Ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) indique novas altas da Selic, Gamba aconselha o cliente a avaliar o produto financeiro como um todo, não só a taxa de juros, uma vez que os financiamentos chegam a durar até 30 anos.
“Hoje, a expectativa indica aumento de juros. Desta forma, o momento atual é mais propício para financiar do que o futuro. Se você tiver dinheiro e encontrar o imóvel que tanto deseja, essa é a hora”, disse ele.
Fonte: G1
Créditos: G1