Os supermercados ainda têm dificuldades em lidar com o problema do consumo de sacolas de plástico. Nos últimos anos, muitos países têm escolhido o caminho da proibição para reduzir o uso da embalagem e, assim, minimizar os efeitos do seu descarte nos oceanos. Apesar da medida, a quantidade de lixo produzida é grande e os varejistas seguem em busca de alternativas para encorajar seus clientes a levar outros tipos de bolsa na hora das compras.
O Carrefour da Espanha lançou, recentemente, um tipo de saco de malha feito com 100% de fibra de algodão. O pacote com três unidades sai por 3,99 euros (cerca de R$ 17,80) e o produto, lavável e reutilizável, é vendido nas lojas. As embalagens, que são com tramas largas, servem para, por exemplo, colocar frutas e legumes para que sejam pesadas no caixa. Assim, evita-se o uso dos saquinhos pequenos que, normalmente, pelo tamanho e pouca resistência, não são reaproveitados nem como saco de lixo.
A cadeia francesa de supermercados tem incentivado também que os consumidores levem de casa seus recipientes para as compras nos açougues, peixarias, quitandas e delicatessens. Na Espanha, o Carrefour conta com 205 hipermercados, 100 supermercados com a bandeira Carrefour Market e cerca de 770 unidades do Express, além de 23 com a marca Superco e a operação de comércio eletrônico.
A adoção de sacos de algodão no setor de frutas faz parte de um programa da companhia de eliminar o uso de plástico. Antes, a empresa já havia anunciado a remoção de plástico na seção de frutas e vegetais de suas lojas BIO ou a substituição de plástico por papelão ou celulose nos pacotes de maçãs, peras e laranjas.
Outra iniciativa foi o uso de frascos de vidro no lugar do plástico para a venda de azeitonas e de picles. As bananas, importadas das Ilhas Canárias, deixaram de ser embaladas em plástico e passaram a ser vendidas em uma espécie de cinta que as mantém agrupadas. No caso dessa fruta, a redução do uso de plástico, segundo a empresa, chegou a 80%.
No Brasil, o Grupo Carrefour também vem adotando algumas medidas para reduzir o impacto de suas operações. Até o fim do ano, a companhia se comprometeu a priorizar o uso de materiais recicláveis e biodegradáveis nos produtos orgânicos. Com isso, a expectativa da empresa é deixar de usar 51 milhões de bandejas de isopor em um período de 12 meses.
Mais recentemente, a companhia adotou por aqui embalagens de papelão ondulado para os produtos orgânicos, além de folhas de papel e de plástico de polietileno (material reciclável e apto para ser separado junto à coleta seletiva) para frios e queijos fatiados, copos, canudos e mexedores feitos com papel e madeira para as cafeterias e caixas de papelão para os produtos comprados na loja on-line. A empresa diz incentivar que seus clientes levem sacolas retornáveis e os próprios recipientes para compras de frutas secas a granel.
Já o GPA, dono das bandeiras Pão de Açúcar e Extra, anunciou em abril a substituição de 100% das bandejas de isopor utilizadas em produtos hortifrúti das marcas próprias Taeq e Qualitá para uma solução 100% biodegradável. A mudança será concluída em um ano.
A nova embalagem é desenvolvida com caixas de celulose e amido, sem matéria-prima petroquímica e 100% biodegradável depois de seis meses do descarte. As bandejas estão entrando no lugar dos acessórios de isopor, de PVC, de PET e outros plásticos. Por mês, 600 mil bandejas desses materiais eram usadas pelas marcas Taeq e Qualitá em todo o país, ou 7,2 milhões no ano.
Os ovos dessas duas marcas também passaram a adotar a embalagem de caixa de celulose com amido e a substituição completa acontecerá em até dois anos. Assim como o Carrefour faz na Espanha, o GPA decidiu trocar as bandejas de isopor das bananas por uma cinta.
Apesar de movimentos como esses, ainda há muitos varejistas que seguem o modelo antigo de geração de resíduos em suas lojas. Por exemplo, ao embalar frutas e legumes assim que o consumidor faz a pesagem, mesmo que seja uma única unidade. Outros vendem esses alimentos já embalados individualmente. É o caso do pimentão e de alguns tipos tomates.
Além da mudança do varejo, os consumidores também têm muito a avançar. Dados divulgados pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) mostram que o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo. Perde apenas para os Estados Unidos, a China e a Índia. Do total produzido, a reciclagem chega a apenas 1,2%, ou cerca de 145 mil toneladas.
Fonte: Correio Braziliense
Créditos: Polêmica Paraíba