Preços desaceleram

Carne fica mais barata em janeiro, e IPCA tem a menor taxa para o mês desde 94

Taxa é a menor para um primeiro mês do ano desde o início do Plano Real, em julho de 1994

Depois de uma disparada em 2019, a carne carne ficou mais barata em janeiro e puxou a desaceleração da inflação oficial neste início de ano. Considerado a inflação oficial do Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,21% em janeiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – a menor taxa para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em julho de 1994.

Em dezembro, o indicador havia ficado em 1,15%. Em 2019, o IPCA ficou em 4,31%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4,25%, na maior inflação anual desde 2016, quando ficou em 6,39%.

Contribuições

A maior influência de queda veio dos preços das carnes, que recuaram 4,03% no mês, depois de uma alta de 18,06% no mês anterior. De acordo com o IBGE, as carnes contribuíram com -0,11 ponto percentual no índice do mês, o maior impacto negativo sobre o indicador.

“Tivemos uma alta muito grande no preço das carnes, nos últimos meses do ano passado, devido às exportações para a China e alta do dólar que restringiram a oferta no mercado interno. Agora, percebemos um recuo natural dos preços, na medida em que a produção vai se restabelecendo para atender ao mercado interno”, apontou em nota o gerente do IBGE, Pedro Kislanov.

No lado das altas, os destaques foram o plano de saúde (0,60%) e os produtos farmacêuticos (0,33%).
Grupos de despesas

A queda no preço das carnes influenciou a desaceleração na inflação do grupo alimentação e bebidas, cuja taxa recuou de 3,38% em dezembro para 0,39% em janeiro. Entre os grupos de despesa, houve contribuição negativa também de saúde e cuidados pessoais (cuja taxa passou de 0,42% para -0,32%), principalmente por conta produtos para pele (-6,51%) e dos perfumes (-4,66%).

Ficaram menores também as taxas de vestuário (de 0 para -0,48%), transportes (de 1,54% para 0,32%), despesas pessoais (de 0,92% para 0,35%), educação (de 0,2% para 0,16%) e comunicação (de 0,66% para 0,12%).
Na outra ponta, destaque para o grupo habitação, cuja taxa acelerou de -0,82% em dezembro para 0,55% em janeiro. Já a taxa de artigos de residência passou de -0,48% para -0,07%.
Mudança no cálculo

O IPCA de janeiro já reflete a mudança no cálculo anunciada em outubro do ano passado. Diante dos novos hábitos de consumo dos brasileiros, identificados por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, o IBGE decidiu alterar em 2020 a cesta de produtos e serviços pesquisados mensalmente para se aferir a inflação.

A nova estrutura do IPCA considera 377 produtos e serviços, com seis subitens a menos que a divulgada até 2019.
A pesquisa passa a incluir o acompanhamento de preços de 56 novos itens, como tratamento de pets e macarrão instantâneo. Já itens cujo peso ficou menor no orçamento das famílias, como aparelhos de DVD, máquinas fotográficas, microondas, orelhões e liquidificadores, saíram do cálculo.
A maior mudança foi a alteração do peso do grupo de transportes na composição do IPCA. Pela primeira vez, ele superou o grupo de alimentação e bebidas no orçamento familiar do brasileiro. Os transportes passam a representar 20,8% do indicador da inflação, enquanto o de alimentos passa a ser de 19%.

Perspectivas para 2020

Apesar da maior pressão inflacionária a reta final de 2019, puxada principalmente pelo alta do preço da carne, a expectativa é que a inflação permanecerá em patamar baixo este ano.

Para 2020, os economistas das instituições financeiras projetam um IPCA em 3,40%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central. Neste ano, o centro da meta é de 4%, um pouco menor que em 2019. A meta terá sido cumprida se o índice oscilar de 2,5% a 5,5%.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros. A Selic terminou 2019 a 4,5% ao ano, nova mínima histórica, após novo corte de 0,5 ponto em dezembro, quando o BC indicou cautela em relação aos juros daqui para frente em meio a uma retomada econômica com mais ímpeto.
A expectativa atual do mercado para a taxa básica de juros é de que a Selic encerre este ano no patamar atual, em 4,25%.

Fonte: G1
Créditos: G1