Se você trabalha com carteira assinada, deve receber até hoje (30) a primeira parcela do 13º salário. Ao todo, cerca de 84,5 milhões de trabalhadores têm direito ao benefício, estima o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Clique aqui para saber quem tem direito ao 13º salário.
Esse dinheiro extra é uma boa oportunidade para pagar dívidas, começar uma reserva de emergência ou comprar presentes de Natal. Especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que é importante se planejar para definir o que é prioridade e conseguir usar bem os recursos, sem deixar dívidas para o futuro.
“A prioridade tem que ser limpar a situação para começar o novo ano de forma mais organizada. Acertar as contas e se preparar para as de início de ano também”, disse o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.
Para ajudar nesse planejamento e usar bem seu 13º salário, reunimos cinco dicas.
1) Coloque tudo no papel
Antes de qualquer coisa, é importante saber exatamente como está sua situação financeira, segundo Jaques Cohen, planejador financeiro certificado pela Planejar.
Para isso, coloque no papel quanto ganha, quais suas despesas mensais, o valor das dívidas (se tiver) e o que tem de dinheiro guardado ou investido.
“Quando você sabe onde está, já está no caminho de fazer escolhas melhores com o seu dinheiro”, afirmou Cohen.
Em seguida, faça uma lista de tudo o que gostaria de fazer com o dinheiro extra, incluindo pagamento das dívidas, compras, viagens ou reformas em casa, por exemplo.
“É legal anotar. Olhando isso no papel você já consegue fazer melhor suas escolhas, ver o que é mais importante.”
2) Pague ou renegocie suas dívidas
Todos os especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que, se a pessoa está com dívidas em atraso ou tem dívidas caras, que cobram juros altos, deve usar parte do 13° para quitar esses débitos. Alguns exemplos de dívidas caras são o cartão de crédito e o cheque especial.
“O ideal é pegar o dinheiro e conseguir abater pelo menos parte dessa dívida cara”, disse o professor César Caselani, da FGV/Eaesp (Fundação Getulio Vargas/Escola de Administração de Empresas de São Paulo).
A recomendação é procurar o credor e tentar negociar. Se optar por pagar apenas uma parte da dívida, pode tentar trocar o restante por uma dívida mais barata, segundo Caselani.
3) Guarde uma parte do dinheiro
Tão importante quanto pagar dívidas caras e atrasadas é poupar uma parte do 13° salário. “Você pode até quitar suas dívidas, mas, se não tiver uma reserva, na primeira emergência entra em dívida de novo”, afirmou Cohen.
Leve em conta três aspectos na hora de poupar:
– Calcule as despesas de começo de ano
O começo do ano é um período de despesas obrigatórias, como o pagamento de impostos (IPTU e IPVA), matrícula e material escolar. Portanto, a indicação é que parte do 13° seja guardada para esse fim.
“Existe um lado negativo no 13° que é essa sensação de excesso de caixa. A pessoa pensa na entrada do dinheiro, mas não se lembra que também é época de muito gasto”, afirmou Caselani, da FGV/Eaesp.
É importante lembrar também que, quando o ano vira, muitas despesas aumentam, e as contas de janeiro já vêm mais altas. “Você pode ter uma mensalidade maior na escola, condomínio mais caro, reajuste no plano de saúde”, disse Cohen, da Planejar.
– Faça uma reserva de emergência
Começar ou aumentar a reserva de emergência com parte do 13° também é uma recomendação dos especialistas.
O ideal é ter guardado um valor equivalente a seis meses de salário. Quem ganha R$ 2.000, por exemplo, deve ter uma reserva de, pelo menos, R$ 12 mil.
Esse dinheiro deve ficar guardado para eventuais emergências, como perda de emprego, problemas de saúde, acidentes ou quaisquer outros gastos inesperados.
– Poupe para o futuro
Além de ser uma precaução para emergências, poupar dinheiro é uma forma de se planejar para ter um futuro melhor –comprar uma casa, pagar uma viagem em família ou trocar de carro, por exemplo.
“Poupar é um projeto para a vida toda. Você tem sonhos, objetivos e conquista à medida que sua poupança cresce”, disse Vignoli, do SPC.
O ideal, segundo ele, é poupar sempre, não apenas no fim do ano, criar um compromisso mensal com um valor –quando não for possível cumprir, guardar pelo menos R$ 10.
4) Comece a investir
O dinheiro que o trabalhador poupou para a reserva de emergência ou então para algum plano futuro pode ser investido. Dessa forma, o montante vai render juros e crescer.
“A sugestão é pegar uma parte desse dinheiro e colocar em uma aplicação com liquidez imediata [fácil de resgatar]. Se a pessoa tem uma emergência, pode resgatar a qualquer momento”, afirmou o especialista em finanças pessoais André Anibal.
Algumas sugestões são CDBs de bancos menores que rendam entre 101% e 105% do CDI ou um fundo de investimento em renda fixa com taxa administrativa baixa.
Se a o dinheiro não for para emergência, o trabalhador pode optar por investimentos de mais longo prazo, como CDBs de um ou dois anos, LCIs ou LCAs.
“Quanto mais tempo aplicado, maior a rentabilidade. Mas a pessoa precisa pensar se pode esperar um ano, dois anos para ter o dinheiro”, disse Anibal.
– Considere fazer uma previdência privada
O especialista também indica que o trabalhador considere usar o dinheiro do 13° para começar uma previdência privada.
“Ele vai ter uma aposentadoria mais confortável e não depender só de governo. Isso ajuda também a ter disciplina: começa a aplicar agora no 13° e segue com uma parcela mensal.”
5) Não caia na tentação do consumo
O período de final de ano e começo do novo ano é muito convidativo para o consumo, mas é preciso ficar atento para não deixar ainda mais dívidas para os meses seguintes, alertam os especialistas.
“É uma época muito emocional, pois as pessoas querem comprar presentes, fechar um pacote de férias. Se não houver cuidado, podem acabar em uma situação pior que a atual”, disse Caselani.
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que 23% dos brasileiros pretendem usar o 13° para comprar presentes e cerca de 44% vão fazer “bicos” para poder comprar ainda mais.
“Essas pessoas poderiam fazer ‘bicos’ para alcançar outros objetivos, como pagar os estudos, fazer uma reserva financeira, pensar na casa própria”, declarou Vignoli.
A indicação, portanto, é ser racional e não se entregar à pressão do consumo, priorizando sempre os gastos que vão ajudar a começar o ano com o orçamento mais tranquilo. “Você tem que fazer o que está dentro do seu alcance hoje, mantendo os pés no chão.”
– Se comprar, pague à vista
Se for usar parte do dinheiro para fazer compras, é importante comprar o máximo de coisas à vista, sempre pedindo descontos, e evitando parcelar no cartão.
Essas parcelas, mesmo que pequenas, acabam se acumulando e deixando dívidas altas para os meses seguintes. Além disso, atrapalham o planejamento financeiro para o resto do ano, segundo Cohen.
Fonte: UOL
Créditos: UOL