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Saiba como organizar um plano de estudo para crianças durante o isolamento social

Organizar a vida estudantil dos filhos em casa será um dos desafios que os responsáveis vão enfrentar durante o período de quarentena. Montar um plano de estudos é o caminho indicado por especialistas ouvidos pelo G1. O plano é uma espécie de roteiro ou cronograma que precisará estar em sintonia com as rotinas da casa.

Um roteiro em três passos

Monique Montenegro, doutora em educação, afirma que é importante que os pais organizem as rotinas das crianças nesses dias que vão ficar em casa. Para ajudar os pais a organizarem um cronograma, a educadora sugere três passos:

1º passo: Refletir sobre quais são as atividades da criança ou do adolescente além de estudar. É importante definir a rotina com as seguintes perguntas: Que horário acordam? Têm responsabilidades em casa? Quais os horários das refeições?

Faça a lista das possíveis atividades e responsabilidades que a criança tem nesse período em casa. Não esqueça: brincar, assistir a filmes, jogar, entre outros, também são atividades importantes.

2º passo: Agora é preciso definir o horário de estudos. Para fazer essa definição é importante levar em consideração algumas questões: em qual horário o meu filho tem mais disposição? Ele costuma ficar sonolento depois do almoço? Se sim, não convém marcamos o estudo neste horário, por exemplo.

3º passo: Dentro do horário escolhido para estudar, detalhe o que será feito, por exemplo: 9h- estudar geografia, tema: migrações. 10h estudar ciências, tema: sistema solar. Para facilitar, baseie-se no horário de aulas que a criança/jovem já tem.

Autonomia

André Ozawa, diretor pedagógico do Centro Educacional Assistencial Profissionalizante (Ceap), afirma que mais que um plano de conteúdos a serem estudados, é importante que os pais entendam o momento como uma oportunidade de estar em casa junto com os filhos.

Ozawa afirma que o momento pode ser aproveitado para que as atividades e tarefas da escola deem oportunidade aos alunos de crescerem em autonomia, responsabilidade e resiliência. “Toda a família pode e deve se envolver nessa rotina”.

“Os pais podem tomar as lições dos filhos mais novos e pedir aos mais velhos que expliquem o que estão aprendendo” – André Ozawa, diretor pedagógico

Tempo, espaço e conteúdo

Alexsandro Santos, doutor em Educação pela USP e coordenador do Curso de Pedagogia da Faculdade do Educador, explica que, para construir um plano de estudos para crianças e adolescentes em situação domiciliar, é preciso tomar alguns cuidados sobre o tempo, o espaço e os conteúdos.

Sobre o tempo: ” É importante combinar com as crianças um horário específico, fixo e cotidiano para o estudo. Não precisa ser o mesmo tempo que seria dedicado na Escola (que é longo para uma sessão domiciliar). Algo entre 1h e 2h é suficiente. É bom dar preferência ao período que a criança já estudava na escola (manhã ou tarde, por exemplo)”.

Sobre o espaço: “mesmo considerando as desigualdades que a sociedade brasileira apresenta e que nem sempre os lares garantem condições adequadas para as crianças estudarem em casa, é importante oferecer, no mínimo, um lugar com menos barulho e com um conforto básico (uma mesa para apoiar os materiais, uma cadeira e alguma forma de iluminação)”.

Sobre os conteúdos: “é importante considerar aquilo que as crianças vinham aprendendo na escola, presencialmente, e olhar para quais seriam as expectativas para a progressão dessa aprendizagem. Uma forma fácil de fazer isso é consultar os livros didáticos que as crianças recebem da escola e verificar as próximas unidades didáticas”.

“É provável que a família não consiga fazer a criança avançar nas aprendizagens além daquelas que já vinham se consolidando na escola. Isso não precisa ser um grande problema. Há um forte ganho em mobilizar, nesse momento, situações de revisão de conteúdos e de fixação, com exercícios e tarefas que retomam os conteúdos já aprendidos”- Alexsandro Santos , doutor em Educação pela USP.

Flexibilidade e rede de estudo

Rafael Parente, PhD em educação e diretor da BEI Educação, afirma que o ideal é que o plano de estudos contenha todas as matérias, incluindo algum tempo para atividades físicas. “É possível que o estudante não consiga cumprir os horários de forma rigorosa todos os dias. Seja flexível. Lembre-se de que todos nós estamos vivendo um período de isolamento, tensão e ansiedade”.

“Em um mundo ideal, a escola envia aos pais atividades e um plano de estudo semanal para seus filhos. Se este não for o caso, e se os pais ainda não tiverem acesso ao currículo bimestral de cada matéria, os pais devem fazer esta solicitação à escola. A pergunta deve ser: Quais são os objetivos de aprendizagem de cada matéria para o primeiro bimestre (ou trimestre)? Se os pais não conseguirem uma resposta clara, eles podem ter a BNCC e livros didáticos como guias – Rafael Parente, PhD em educação e diretor da BEI Educação.

Parente sugere que se for possível, os país podem buscar criar uma rede de estudos com a participação de outros pais, alunos e professores, à distância. “Não deixe de fazer perguntas, quando tiver dúvidas, para professores que estiverem disponíveis da escola ou pela internet. Se o seu filho tiver dúvidas e você não souber o conteúdo, tente aprender com ele”.

Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba