O segundo dia de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) impresso acontece no próximo domingo (24). Os candidatos farão 90 questões objetivas em cinco horas de prova, menos tempo do que no primeiro dia, que tinha a redação a ser entregue.
Metade dessas questões é dedicada às ciências da natureza, com perguntas de biologia, química e física.
De maneira geral, as três disciplinas trazem conteúdos que são apresentados em textos, gráficos, tabelas e imagens contextualizados ao cotidiano do candidato.
“A prova traz a relação do indivíduo com seu ambiente, e fenômenos que são explicados pelas circunstâncias em que estão inseridos”, diz Ricardo Jorge, professor de biologia do Sistema Farias Brito.
No caso dos exercícios de biologia, o carro-chefe da prova é a ecologia.
A pandemia do novo coronavírus, cujo impacto em todas as esferas de vida logicamente chegou à educação e povoou os conteúdos das ciências naturais durante o ano letivo, não deve aparecer diretamente.
Isso porque, para entrar no exame, as questões passam por um processo complexo e um pouco burocrático para garantir sua qualidade e dados sobre seu grau de dificuldade. É depois desse processo que a questão entra no Banco Nacional de Itens (BNI), de onde é selecionada para o exame.
O que mais cai em biologia?
Além da inserção dos conteúdos em questões relativas ao cotidiano do aluno, o Enem também tem uma forte predileção por temas que tratam sobre os direitos e a ação humana.
Por isso, dentro do guarda-chuva da ecologia, questões que falam sobre problemas ambientais são bastante frequentes.
“O Enem prioriza esses problemas por dois aspectos: o candidato precisa entender as ações humanas que influenciam no ambiente, muitas vezes de forma prejudicial e, por outro lado, também exige que o candidato entenda e analise propostas de intervenção no ambiente para sua conservação e uso sustentável”, diz Jorge.
É aí que aparecem questões sobre ciclos biogeoquímicos, como o ciclo do nitrogênio e do carbono, por exemplo.
Fatores ambientais alterados, como a questão das queimadas, a fragmentação dos ecossistemas, concentração de CO2 no ar e alterações no pH da água são outros exemplos de conteúdos relacionados a esse foco da prova que podem aparecer.
Também a fisiologia humana é uma exigência comum da prova de biologia.
“Sistemas respiratório, nervoso, reprodutor e doenças em consequência da disfunção dos nossos sistemas. Isso vem de forma conceitual mesmo, aproximada do cotidiano”, diz Luiz Carlos Bellinello, coordenador de biologia do Curso e Colégio Objetivo.
Ele exemplifica: uma questão pode apresentar um texto que compare o uso de um detergente para lavar pratos com a bile no nosso trato digestivo e então pedir que o candidato indique o papel da bile com base nessa comparação.
Além disso, vacinas, soros, resposta imunológica e outros conteúdos muito discutidos ao longo de 2020 podem aparecer, ainda que não estejam dentro do contexto da pandemia.
A prova de biologia, assim como as de física e química, exigem do candidato a habilidade de ler e interpretar gráficos e tabelas. É um conhecimento, por assim dizer, matemático.
A prova pode, por exemplo, apresentar um hemograma com a contagem de hemácias, glóbulos brancos e plaquetas para perguntar que tipo de disfunção aquele paciente hipotético tem.
“O grande barato das questões que trazem tabelas e gráficos é o aluno compreender que essas imagens estão trazendo uma informação”, diz Ricardo Jorge, do Farias Brito.
A dica do professor é que o candidato busque no comando da questão o que está sendo pedido, e então procure responder essa dúvida com as informações contidas nas imagens.
“O aluno pode até compreender o assunto, só que se assusta com gráficos e tabelas. Mas eles não devem ser um empecilho, porque são uma dica, uma grande cola que a prova dá para a gente”, diz.
Prova interdisciplinar
Jorge lembra que a prova de ciências da natureza tem como característica a interdisciplinaridade. A prova, aliás, não tem subdivisões claras entre quais questões são de física, de química e de biologia.
“O candidato vai usar muito conhecimento de biologia em química, de física em química, e vice-versa. O aluno precisa entender onde essas disciplinas dialogam”, diz.
Por isso, ele sugere que a prova seja feita de forma contínua, sem que se busque dividir rigidamente as três áreas ou fazer uma específica antes das outras.
Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba