A nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ser considerada um “coringa” para estudantes que querem uma vaga no ensino superior. Ela serve como vestibular para universidades públicas e privadas, além de permitir a disputa por bolsas de estudos e financiamentos de mensalidades.
Com base no desempenho no Enem, o aluno poderá ter acesso a:
Vagas em universidades públicas de todo o país pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu);
Bolsas de estudo pelo Programa Universidade para Todos (Prouni);
Financiamento de mensalidades pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies);
Vagas em particulares, que usam o Enem como vestibular;
Bolsas de estudo nas particulares, conforme o desempenho.
O Enem 2020 será aplicado nos dias 17 e 24 de janeiro (prova impressa) e 31 de janeiro e 7 de fevereiro (prova digital). A data original, em novembro, foi adiada devido à pandemia do coronavírus.
Em 2019, dos 2.041.136 ingressos em cursos de graduação presenciais, 32% (668.647) foram selecionados via Enem, de acordo com o Censo da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC). Entre eles, 275.042 entraram em universidades públicas e 393.605 na rede privada.
Confira abaixo como a nota do Enem pode ser usada:
Sisu
O Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação (MEC), une em uma única plataforma as vagas oferecidas pelas universidades públicas do país aos candidatos em busca de uma educação superior. Em 2020, o MEC passou a permitir também o cadastro de vagas de cursos a distância.
Mas, é preciso ficar atento. Embora mais de 90% das universidades federais usem o Sisu como forma de acesso, isso não significa que 90% das vagas estão disponíveis no sistema.
As universidades interessadas precisam informar ao MEC quantas vagas vão oferecer em cada curso, quais são de ampla concorrência (para todos os alunos) e quais são voltadas à políticas de inclusão, como a de cotas ou a voltada a estudantes da rede pública, por exemplo.
Os estudantes, por sua vez, podem escolher até dois cursos para se inscrever no Sisu. Eles serão avaliados conforme o desempenho no Enem.
“O Sisu abre muitas portas. Ele permite ao aluno disputar vagas em todo o Brasil e o estudante pode ver claramente em que curso poderá entrar com a nota que obteve no Enem”, afirma Isabel Hartmann, coordenadora do Colégio de Pró-reitores de Graduação, da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes).
“Isso é muito tentador. O aluno precisa saber claramente se é mais importante garantir uma vaga no ensino superior ou fazer o curso que quer. Ou ainda: a nota permite estudar fora do estado onde o aluno mora, mas ele tem recursos para se manter longe de casa? A mobilidade do estudante depois que entra, com transferências, por exemplo, existe, mas nem sempre é processo fácil e não tem garantia de vaga”, explica.
Quem pode participar?
O Sisu pode ser disputado por todos os candidatos que fizeram o Enem mais atual. Assim, quem fizer o Enem 2020 poderá disputar o Sisu 2021 do primeiro e do segundo semestre. Não há taxa de inscrição. A participação é gratuita.
Como funciona?
Durante o período de seleção, o Sisu atualiza as notas de corte dos cursos. Aos candidatos é recomendado que se verifique diariamente como está a seleção, porque a nota do Enem pode ser suficiente para ser aprovado em um dia, e insuficiente no dia seguinte. Basta que mais candidatos se inscrevam naquela graduação e tenham notas maiores para a linha de corte aumentar.
Para escolher onde estudar, o Sisu permite fazer buscas por curso, nome da instituição e município.
O Sisu tem duas edições ao ano, uma em cada semestre. O edital do primeiro semestre de 2021 ainda não foi divulgado, por isso ainda não é possível saber quais universidades aderiram ao sistema e quantas vagas de cada curso estão disponíveis.
Mas, segundo Hartmann, uma pista é pesquisar como foi no ano anterior. No primeiro semestre de 2020, foram abertas 237.128 vagas em 128 instituições de todo o país.
Prouni
O Programa Universidade para Todos (Prouni) foi instituído há 15 anos. Ele permite que o candidato tenha acesso a bolsas de estudo, integrais ou parciais (de até 50%da mensalidade), em instituições privadas. Se o estudante entrar via Prouni, ele não precisa fazer o vestibular específico da instituição.
Para concorrer ao benefício, é preciso cumprir alguns critérios:
Perfil
Estudantes: o programa é voltado a alunos que tenham feito todo o ensino médio em escolas públicas ou que tenham sido bolsistas em escolas particulares. A exceção é para os candidatos com deficiência, que podem ter feito o ensino médio em qualquer instituição.
Professores: os docentes que atuam na educação básica também podem concorrer às vagas do Prouni, e não precisam comprovar renda.
Renda familiar
Bolsas integrais: o aluno deve ter renda familiar bruta mensal de até 1,5 salário mínimo por pessoa.
Bolsas parciais: a renda familiar bruta mensal é de até 3 salários mínimos por pessoa.
Escolaridade
Nível médio: para participar, o candidato não pode ter nenhum diploma do ensino superior.
Nota
Média de 450 pontos: o candidato deve somar uma média de desempenho no Enem de, no mínimo, 450 pontos. O candidato também não pode zerar na redação.
Curso e universidade
Não são todas as universidades privadas que têm bolsas do Prouni, e nem todos os cursos. É preciso saber se a instituição escolhida participa do programa. No ato da inscrição, o candidato poderá escolher dois cursos em duas instituições, e também dois turnos de estudo de sua preferência. Alguns cursos exigem conhecimentos específicos.
É preciso ficar atento aos prazos estabelecidos em edital para poder concorrer às bolsas. Após a inscrição, o aluno é pré-selecionado e, depois, precisa comprovar as informações para receber a bolsa.
Para a próxima edição do Prouni, do primeiro semestre de 2021, o edital ainda não foi publicado.
Fies
O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) foi criado em 2001 para oferecer empréstimo aos estudantes que precisam de apoio para pagar as mensalidades em universidades privadas.
O programa oferece desde o abatimento total dos juros a juros definidos conforme uma escala de financiamento, que varia de acordo com a renda familiar do estudante. Assim, o aluno paga a taxa de coparticipação durante o curso e termina de quitar o financiamento após a formatura.
Perfil
Estudantes que fizeram Enem a partir de 2010
É preciso ter um desempenho com média aritmética acima de 450 pontos
Os interessados não podem ter zerado na redação
Em setembro, o MEC adiou para 2022 a exigência de nota na redação acima de 400 pontos.
Renda
Três salários mínimos é a renda familiar bruta mensal por pessoa exigida pelo MEC para financiar a graduação do estudante
Desde 2015, o MEC tem reduzido o número de vagas oferecidas no programa (veja o gráfico abaixo). Representantes de entidades ligadas ao ensino superior privado afirmam que, além disso, as regras para obter financiamento também têm afastado os estudantes deste tipo de benefício.
Entre elas está a restrição a alunos com renda familiar bruta mensal inferior a um salário mínimo por pessoa. Este público, por exemplo, não tem acesso ao financiamento via Fies.
A dificuldade em preencher as vagas fez com que, em setembro, o MEC abrisse um edital específico para preencher 50 mil vagas remanescentes que “sobraram” ao longo dos processos seletivos, seja por desistência dos candidatos ou por falta de documentação.
O edital do Fies do primeiro semestre de 2021 ainda não foi publicado.
Enem como vestibular nas particulares e bolsas
Algumas universidades privadas também usam o Enem como vestibular próprio. Mas, nem sempre é para todas as vagas.
Há instituições que usam vestibulares próprios e disponibilizam parte das vagas via Enem. Outras, usam o Enem como uma das fases de seleção.
Segundo Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, entidade que representa as mantenedoras do ensino superior, o Enem trouxe maior rigor ao processo seletivo das instituições particulares, ao mesmo tempo que reduziu custos com a elaboração das provas e correção. “A utilização do Enem significa maior qualidade no processo seletivo”, afirma.
Além disso, as universidades privadas também têm oferecido bolsas de estudo para estudantes com base no desempenho do Enem.
“Aqueles que entram com melhores notas do Enem têm bolsas pelo desempenho acadêmico. É uma forma de incentivar a entrada de melhores alunos”, diz Capelato.
Em 2012, 14,1% das matrículas nas instituições privadas eram ligadas a financiamento próprio das entidades. Em 2018, o índice já era de 34,8%, segundo dados do Semesp. Os dados são gerais e incluem benefícios relativos a notas do Enem e outros não ligados ao exame.
Fonte: G1
Créditos: G1