O comprometimento do aprendizado dos alunos da escola pública pelas limitações de acesso às atividades remotas pode afetar o desempenho em avaliações como o Enem. A prova, inclusive, foi adiada após pressões de diversos órgãos e entidades que apontavam o tamanho da desigualdade, acentuada pela pandemia, na preparação dos estudantes das redes pública e particular.
Depois de cancelado o exame que estava programado para novembro, nesta semana o Ministério da Educação (MEC) anunciou que a nova previsão é no início de 2021: 17 e 24 de janeiro, para quem vai fazer prova impressa, e 31 de janeiro e 7 de fevereiro, para os inscritos na avaliação digital.
Mesmo que as atividades presenciais ainda não estejam autorizadas, a coordenadora de Projetos do Todos pela Educação, Thaiane Pereira, avalia que marcar uma data para o Enem é importante porque a indefinição era uma aspecto que causava mais apreensão entre os alunos.
Ela reconhece que o momento é de incertezas, e essa data eventualmente possa ser alterada, mas considera importante o agendamento até para o planejamento de retorno das aulas presenciais.
“Provavelmente o abismo entre a rede pública e privada aumentou neste período de atividades remotas, e cabe agora às Secretarias da Educação implementar ações que tentem ajudar esses alunos o máximo possível a recuperar o conteúdo para que consigam fazer a prova. De repente, eles devem ser os primeiros a retomar as aulas para tentar minimizar os estragos”, pondera.
Thaiane Pereira também reforça que as desigualdades evidenciadas pela pandemia são cruéis e impactam de maneira mais profunda sempre os que mais precisam ser ajudados.
Para ela, a forma de corrigir essas distorções é tratar diferentemente esses alunos, para o Enem ou demais demandas educacionais, na medida de sua desigualdade.
A coordenadora de Projetos do Todos pela Educação diz ainda que ações intersetoriais, que contemplam o esforço de outras áreas como a assistência social e a saúde, também são importantes para fortalecimento dos vínculos com a escola que contribui no processo de ensino-aprendizagem.
Todo o processo com os protocolos de retorno às atividades presenciais, sobre quem vai voltar e de que forma, e como esse período vai ser utilizado nas escolas também vai impactar os estudantes que vão fazer o Enem, segundo aponta Sonia Dias, coordenadora de implementação municipal do Itaú Social.
Entre os alunos da escola pública, com todas as dificuldades de acesso à tecnologia e até de local adequado para estudos em casa, a volta para a sala de aula pode significar a melhoria do desempenho na avaliação.
Fonte: A Gazeta
Créditos: A Gazeta