Sem otimismo

57% dos brasileiros acreditam que desemprego vai aumentar, aponta Datafolha

Para outros 21%, a taxa vai ficar como está; 20%, avaliam que o índice vai diminuir

Quase 60% dos brasileiros dizem que daqui para frente o desemprego vai aumentar, segundo pesquisa Datafolha.

Para 57% dos entrevistados, a expectativa é de piora. Para outros 21%, a taxa vai ficar como está. Para 20%, vai diminuir, segundo levantamento realizado de 8 a 10 de dezembro.

Em relação à pesquisa realizada em agosto deste ano, os percentuais oscilaram dentro da margem de erro de dois pontos percentuais.

Em dezembro do ano passado, 42% esperavam aumento do desemprego, 30% achavam que iria diminuir e 26% não esperavam mudanças. Foram os melhores resultados nas pesquisas realizadas desde o início de 2019.

O perfil da amostra de entrevistados mostra que o percentual de desempregados, donas de casa e aposentados cresceu na pandemia.

Dados do desemprego

A PEA (População Economicamente Ativa) encolheu durante a crise, de 75% para 68% dos entrevistados. Houve queda, principalmente, na proporção de assalariados registrados (de 29% para 22%). Os desempregados que procuraram uma ocupação subiram de 3% para 10%.

Entre os grupos fora da PEA, donas de casa passaram de 8% para 11%. Aposentados, de 9% para 11%. Desempregados que não procuraram emprego, de 1% para 3%.

Uma reportagem da Folha mostrou que quase metade da população em idade de trabalhar literalmente parou por causa da pandemia. Pela primeira vez, o número de brasileiros inativos, ou seja, sem emprego e sem buscar algum, ultrapassou a marca de 40%.

Somando-se a esse contingente os brasileiros desempregados (aqueles em busca de trabalho, segundo o critério do IBGE), a quantidade de pessoas sem ocupação chegou a 53,2%, um recorde.

Retomada

Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados pelo Ministério da Economia, foram criadas 414.556 vagas com carteira assinada no país em novembro.

Com a retomada da geração de postos de trabalho no segundo semestre, no acumulado de janeiro a novembro, o saldo passou a ser positivo, com o abertura de 227.025 vagas em ano de crise da Covid-19.

Apesar do resultado positivo, o número é muito inferior à quantidade de vagas geradas no mesmo período do ano passado (948.344).

Fim do ano

Por outro lado, o desemprego bateu novo recorde em novembro, atingindo 14 milhões de brasileiros, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A taxa de desocupação chegou a 14,2%, o maior percentual da série histórica da Pnad Covid, pesquisa do IBGE iniciada em maio para mensurar os efeitos da pandemia no país.

Desde maio, aumentou em 4 milhões o número de brasileiros desempregados, uma alta de aproximadamente 40%.

No auge da pandemia, foram eliminadas principalmente as vagas de baixa qualificação e, portanto, salários mais baixos, e em setores como comércio e serviços, duramente afetados pelas medidas de distanciamento social. Agora, são justamente essas categorias as que mais geraram vagas.

“Nós realmente estamos na retomada em V, como eu disse antes. O Brasil está surpreendendo o mundo. As reformas prosseguiram, em ritmo um pouco mais lento, mas elas seguem acontecendo”, afirmou o ministro Paulo Guedes (Economia) ao comentar os dados do Caged, divulgados na antevéspera de Natal.

Para especialistas, no entanto, ainda há dúvidas sobre essa retomada, principalmente por conta do ritmo de reabertura. O setor de serviços, que é o maior empregador do país, é também o mais afetado pelas restrições geradas pela pandemia, sejam elas voluntárias ou impostas pelo governo.

Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Polêmica Paraíba