O Teatro Municipal Severino Cabral reabre as portas para receber o público de forma presencial, com apenas 30% da sua capacidade máxima, depois de mais de um ano fechado, nesta quarta-feira (28), em Campina Grande. O teatro, que tem 58 anos de história, está desde o início da pandemia da Covid-19 inativo para o público, devido ao cumprimento das medidas de biossegurança contra o novo coronavírus, que foram apresentadas em decretos municipais e estaduais desde 16 de março de 2020. Por consequência, os artistas campinenses que faziam os shows de forma presencial, precisaram se reinventar.
No dia 30 de novembro de 2020, em meio a pandemia da Covid-19, o teatro completou 57 anos e não teve evento para comemorar a sua história, pois o espaço estava de portas fechadas, seguindo os decretos de biossegurança que não permitiam a execução de apresentações no local. Por causa do tempo sem atividades para o público, o Teatro Municipal foi alvo de pichações na estrutura externa do prédio.
Na ocasião, o então diretor do Teatro Municipal, Erasmo Rafael, informou que, além das pichações na estátua de Severino Cabral que fica na frente do prédio, houve também o roubo dos cabos de cobre do ar condicionado do teatro e que foi necessário solicitar mais segurança da guarda municipal para que o teatro não fosse mais depreciado depois da sua revitalização.
Para além dos danos materiais do prédio, os artistas que precisavam fazer suas apresentações também foram prejudicados pelo fechamento do Teatro Municipal, pois as apresentações eram a fonte de renda para alguns deles, como conta o professor de teatro e ator Chico Oliveira, que se apresentava nos palcos do Teatro Severino Cabral antes do período de pandemia.
“Infelizmente, sem a possibilidade do encontro presencial no teatro as coisas ficam bem limitadas. Muitos artistas sofrem por causa do fechamento do teatro, alguns [artistas] passam até por necessidades”.
A necessidade dos artistas, também, foi notada pelo atual diretor do teatro, Carlos Alan Pere, que falou sobre os traumas que o setor de eventos vem enfrentado no período da pandemia.
“Sabemos como foi traumático para o setor de eventos e, ao longo do tempo, criou-se uma expectativa em relação ao retorno do público às salas de espetáculos, tanto por parte do público como dos realizadores. E chegar a ver o Teatro com público, mesmo que reduzido, é um alento. Renova esperanças e contribui com o sentimento de segurança e reacende a confiança de que estamos a caminho da normalidade”, diz.
Os artistas de Campina Grande desenvolveram estratégias para que o público pudesse consumir arte no período de isolamento social, por causa do período pandêmico, ao mesmo tempo que os atores conseguissem manter suas fontes de renda.
“Nós conseguimos de forma virtual nos mantermos ativos, pois o teatro exige muito do corpo, além das palavras e outras ferramentas. Mas o corpo é um instrumento essencial para um ator. Mas, apesar do distanciamento, nós [artistas] conseguimos manter o espetáculo de forma virtual. Conseguimos, apesar das limitações, desenvolver algumas atividades”, pontua o professor Chico Oliveira.
A reabertura do Teatro Municipal, além de ser um fomento para a indústria cultural de Campina Grande, segundo Chico, é uma forma de reacender a esperança de dias melhores para quem vive e consome arte.
“A expectativa é muito grande para a reabertura do teatro , pois a partir dessa possibilidade de reabertura a gente pode produzir novas reflexões sobre a nossa arte, sobre o fazer teatral, sobre a importância do teatro e da arte para evolução da humanidade”.
Ver os amigos nos corredores do teatro, o aplauso do público e a sinergia entre o espetáculo e o calor recebido pela plateia, foram as maiores saudades que Chico sentiu em relação às suas apresentações presenciais.
“As maiores saudade que eu tenho são: dos artistas amigos, dos alunos, da energia que o teatro produz. Saudade dessa energia propulsora, do encontro humano. É essa saudade que eu tenho até agora”, lamenta.
Fonte: Polêmica Paraíba com G1 PB
Créditos: Polêmica Paraíba