Ao completar 159 anos de emancipação política, Campina Grande chama a atenção por uma peculiaridade que é uma marca da sua história: a vocação para a saúde. A própria identidade econômica da Rainha da Borborema demonstra essa característica, uma vez que mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) do Município advém de serviços, impulsionado pelos estabelecimentos de saúde.
O primeiro hospital da cidade nasceu em 1932, no dia 7 de setembro. O Hospital Pedro I seria, na verdade, um necrotério para indigentes. Mas, logo se tornou um hospital, pela necessidade de tratamento para pessoas enfermas, cada vez mais crescente com a expansão do município.
A unidade hospitalar foi fundada pela Loja Maçônica Regeneração, com a ajuda da população. Os historiadores divergem sobre a doação do terreno, atribuindo o ato benemérito, inclusive, ao professor Clementino Procópio. O fato é que o hospital se tornou um dos maiores da região.
Entre os anos 80 e 90, o hospital ampliou serviços, abrindo a ala ortopédica e a UTI. Em 2013, ameaçou encerrar as atividades como unidade filantrópica, mas foi municipalizado pela Prefeitura de Campina Grande. De lá em diante, tornou-se referência com o ambulatório de microcefalia durante o surto da Síndrome Congênita do Zika Vírus. E na pandemia da covid-19, virou o maior hospital da Paraíba para a enfermidade.
Foi também em outro 7 de setembro – de 1963 – que seria inaugurado o famoso Hospital Psiquiátrico João Ribeiro, um hospício nos moldes antigos de tratamento. Durante muitos anos foi a referência. Até que, em 2005 houve a Reforma Psiquiátrica e o fim dos manicômios, encerrando as atividades daquele hospital.
Os pacientes de saúde mental passaram a ser cuidados em Residências Terapêuticas e, em 2013, foram abertos leitos de psiquiatria em um hospital geral, o Hospital Dr. Edgley. Foi a primeira vez no Nordeste em que leitos de saúde mental eram instalados em um hospital comum.
Por falar no Dr. Edgley, este icônico hospital também nasceu em Campina Grande na década de 1960, para dar resposta aos casos de tuberculose, dado o surto ressurgente da doença à época. Prova disso é o painel artístico, existente em uma das áreas centrais da unidade com pacientes tossindo. Em 2016, após ameaçar fechar as portas pela crise financeira, os serviços do Dr. Edgley foram municipalizados e, mais recentemente, ele se tornou uma referência em hemodiálise e cirurgias eletivas.
Contudo, um dos grandes marcos da saúde campinense é a criação do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), que nasceu no dia 5 de agosto de 1952 – data do Estado da Paraíba. A construção ocorreu na gestão do governador José Américo de Almeida e do prefeito Elpídio de Almeida.
Em 1992, a maternidade passa por reforma e recebe o nome de Dr. Elpídio, que era um médico campinense. Os jardins do ISEA foram projetados pelo paisagista Burle Marx. No decorrer de mais de 70 anos, mais de 100 mil pessoas nasceram na maternidade, apontam as estimativas.
Foi também nos anos 50, mais precisamente em 10 de dezembro de 1950, que nasceu também o Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC). O homenageado que dá nome à unidade usou a seguinte frase célebre para se referir aos hospitais: “Esta é uma casa que por infelicidade se procura, mas por felicidade se encontra”.
Com toda essa vocação e potencialidade para a saúde, nos anos 70, 80 e 90 a cidade viveu a efervescência dos serviços particulares. “Vimos o nascer de muitas clínicas, consultórios e ambulatórios privados neste período”, rememora o médico Antônio Henriques, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-PB). Foram unidades como Antônio Targino, João XXIII, Santa Clara, Mater Dei, entre outros.
Mais recentemente, a cidade ganhou o hospital HELP, que se propõe a ser um dos mais modernos centros de saúde do país. E a Universidade Estadual da Paraíba criou o Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (NUTES), que desenvolve inovação e produtos para todo o país. “Campina Grande é grande também por causa da saúde”, avaliou o secretário municipal, Dunga Júnior.
Fonte: Assessoria
Créditos: Polêmica Paraíba