Muitos fenômenos envolvendo um clima intenso vêm se tornando cada vez mais
frequentes, um grande exemplo atual é o caso do Rio Grande do Sul, com enchentes e
fortes chuvas, que assolam a vida da população local. Porém, esse tipo de ação da
natureza está mais comum, com chances de se espalhar, mesmo que não na
mesma proporção, em outros estados, como na Paraíba.
Mudanças climáticas
Se tratam de transformações climáticas a longo prazo, que impactam diretamente na
temperatura e nas condições de vida enquanto sociedade. Entretanto, a atividade humana
ainda é, uma das causas principais para intensificar essas mudanças, seja pela queima de
combustíveis fósseis, seja pelo desmatamento florestal.
Ao contrário do que está acontecendo no sul do país, é esperado que a região Nordeste
tenha, nos próximos anos, um aumento gradativo na temperatura entre 2° e 4°, resultando
em uma seca ainda maior para os sertões dos estados que já vêm sendo prejudicados pelo
clima quente.
Para o Dr Ranyére Silva Nóbrega, professor da Unidade Acadêmica de Geografia na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), a Paraíba tem uma forte tendência a sofrer mudanças em um futuro próximo:
“O estado sofrerá aumento das temperaturas nos próximos anos e, consequentemente, nas taxas de evaporação. Com a diminuição das chuvas, deverá ocorrer escassez de água na região do semiárido. No litoral acontecerá o avanço do mar em direção à praia, como também chuvas concentradas em pouco tempo, provocando alagamentos urbanos, movimentos de massa e árvores derrubadas”, relatou.
Dados do Inmet
Os últimos alertas publicados pelo Inmet para a região litorânea do estado, constam em uma das categorias mais perigosas, sendo classificados pela cor laranja. As chuvas que são atribuídas a esse tipo de clima são, no geral, acompanhadas de 30 e 60mm/h ou 50 e 100mm/dia, além de ventos intensos (60-100 km/h).
Essas informações que vêm se tornando a cada dia mais frequentes, indicam o que já era esperado por especialistas da meteorologia, temporais com foco na costa próxima ao mar, preocupando moradores.
Semiárido Paraibano
Com relação ao semiárido paraibano, a expectativa é de que ocorra um aumento na temperatura, resultando em um processo de desertificação acelerado nos próximos anos:
“Com a elevação da temperatura ocorrerá, consequentemente, a taxa de evaporação, vamos ter mais áreas suscetíveis à desertificação. O semiárido é a região mais vulnerável da Paraíba por questões socioeconômicas, mas também pelo próprio bioma, apesar de ser resistente, mas pode ser fragilizado pelo aumento do processo de desertificação”, disse o Dr.
“Clima bipolar” em João Pessoa
Os cidadãos residentes da capital paraibana têm o costume de afirmar que o clima em João Pessoa é “bipolar”, no sentido que uma hora faz sol, em outra cai uma forte chuva logo em seguida. De acordo com especialistas, trata-se de uma característica própria de regiões equatoriais, que com a ausência de estações meteorológicas, as previsões climáticas tendem a ser mais limitadas.
“No período do inverno, os sistemas produtores de chuva permitem um acompanhamento melhor, como as ondas de Leste, produzindo chuvas mais distribuídas. No verão, chuvas podem produzir 50mm em Cabedelo e nem chover no Bessa, mesmo com poucos quilômetros de distância”, comentou Ranyére.
O professor da UFCG explica também, que apesar de fazer parte da pauta de interesse público, alertar a população sobre os riscos do consumo exagerado de combustíveis fósseis parece não surtir efeito. Tendo realizado um discurso referente ao tema há 3 décadas atrás, Ranyére afirma que foi o primeiro passo para construção de uma consciência ambiental, entretanto, os resultados não foram tão favoráveis, afinal, segundo ele, estamos em uma “situação climática emergencial”.