Enviadas especiais a Goiânia (GO) – “Ele demonstra que sabe controlar a situação. Por um lado, é iletrado, aparentemente uma pessoa rústica, mas que sabe muito bem se colocar”, descreveu a delegada Karla Fernandes (foto em destaque) sobre João de Deus. A policial é coordenadora da força-tarefa da Polícia Civil de Goiás e comandou o interrogatório do médium na Delegacia de Estado de Investigação Criminal (Deic). Ela detalhou ao Metrópoles o perfil das vítimas e do acusado de cometer centenas de abusos sexuais (veja vídeo abaixo).
Segundo a delegada, os 15 depoimentos colhidos ao longo da última semana demonstram um modus operandi do líder espiritualista. O padrão seria de mulheres com 30 anos a menos do que ele. Por isso, quando ele tinha 50 anos, teriam sido cometidos abusos de adolescentes. Nos casos mais recentes, com o médium já septuagenário, os alvos teriam por volta de 40 anos.
Na maioria dos casos relatados, as mulheres buscaram o médium porque tinham dificuldades para engravidar ou estavam passando por problemas de relacionamento conjugal. “Eram pessoas vulneráveis. Inicialmente, não percebiam que eram abusadas, só depois que caía a ficha”, conta a delegada.
No depoimento de João de Deus, Karla Fernandes disse ter percebido um homem persuasivo, que mostra ter um controle muito grande da fala e equilíbrio emocional. Segundo ela, ele não demonstrou alteração, a não ser quando foi confrontado sobre a vítima mais recente. “Ele teve reação mais forte e depois disse que ela era uma pessoa complicada e não tinha credibilidade.”
“As vítimas têm que comparecer para narrar de forma personalíssima. Antes, muitas sentiam temor de falar porque a maioria não teve apoio da família”, disse Karla Fernandes. Seis inquéritos foram instaurados na Deic, incluindo o principal, com o pedido de prisão. Segundo a delegada, esse último precisa ser concluído em 10 dias. Por isso, nesta segunda (17), não serão ouvidas novas vítimas. A força-tarefa vai se reunir para definir os próximos passos da investigação.
“Com a oitiva dele, nós vamos destrinchar para o encaminhamento das buscas que já foram deferidas. Remarcamos com algumas vítimas, diante do prazo para concluir o inquérito. Nessas buscas, vamos fazer uma visualização junto com a equipe técnica e pericial sobre aquilo que foi narrado”, explicou. As vítimas devem voltar a ser ouvidas a partir de quarta-feira (19), e o inquérito principal deve ser encaminhado à Justiça até o fim da semana.
https://youtu.be/bECcFuqNKxs
Fonte: Metrópoles
Créditos: MANOELA ALBUQUERQUE LUÍSA GUIMARÃES