Uma semana após o ataque a tiros que vitimou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes no Rio de Janeiro, a companheira e a irmã da parlamentar carioca participaram, nesta quinta-feira (22/3), de sessão solene na Câmara dos Deputados em comemoração ao Dia Internacional do Direito à Verdade. Na tribuna do plenário, as duas cobraram agilidade nas investigações.
“Autoridades brasileiras não devem só a mim o que aconteceu com a minha mulher porque isso não vai trazê-la de volta. Devem ao mundo o respeito e a satisfação do que aconteceu nesse crime bárbaro, porque Marielle resiste nas nossas vidas e corpos. Ela lutava pelos pretos, pelos favelados, pelos LGBTs”, discursou Monica Benício, companheira da vereadora.
“A única maneira que eles tinham de calar a minha irmã era matando. Um crime covarde, muito bem feito, mas que a gente espera e urge por justiça”, disse Anielle Silva, irmã da política do PSol. “Você pode me matar com seu ódio, mas, ainda assim eu me levanto”, afirmou, citando a escritora e militante dos direitos civis norte-americana Maya Angelou.
Emocionadas, as familiares da vereadora carioca foram cumprimentadas por parlamentares e integrantes de movimentos sociais que acompanharam a sessão. Ao final da reunião, Anielle afirmou a jornalistas que a família está “perdida” com as informações falsas divulgadas na internet sobre Marielle.
Independente de posição política, ninguém merece morrer como ela morreu. Muita coisa está sendo dita que não é verdade. A gente está muito sentido, muito perdido com tudo isso (…) Mais amor é o mínimo que o ser humano pode ter”Anielle Silva, irmã de Marielle Franco
A sessão solene foi convocada em comemoração ao Dia Internacional do Direito à Verdade, data estabelecida em 24 de março pela Organização das Nações Unidas (ONU) em homenagem ao bispo salvadorenho Dom Oscar Romero, defensor dos direitos humanos morto em 1980. Esta é a primeira vez que o dia é celebrado no Brasil.
No plenário, partidos de oposição e movimentos sociais homenagearam vítimas e desaparecidos políticos com fotos nas cadeiras dos parlamentares. “A Marielle simboliza hoje todos os que nós reverenciamos, de Dom Oscar Romero a desaparecidos da ditadura militar”, disse o deputado Chico Alencar (PSol-RJ).
Túnel do tempo
Antes da sessão solene, deputadas da bancada feminina realizaram um ato de desagravo em homenagem a Marielle Franco e à ex-presidente Dilma Rousseff (PT). As parlamentares reivindicavam a inclusão da imagem de Dilma no painel de túnel do tempo montado na Câmara dos Deputados em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
“Quando passei aqui no início de março, fui observar quem estava entre as heroínas do país. Onde estava a imagem de Dilma, a primeira mulher a levar a faixa de presidente do Brasil? Por que sua imagem foi suprimida?”, questionou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). As parlamentares colocaram no painel cartazes com as imagens da ex-presidente e de Marielle. A foto da petista, no entanto, foi arrancada minutos depois.
O crime
Marielle Franco foi morta em um ataque a tiros no centro do Rio no último dia 14. Nove cápsulas de arma de fogo foram recolhidas no local do crime. No mínimo, três projéteis atingiram a cabeça da parlamentar e um, o pescoço – a suspeita de execução é investigada. O motorista Anderson Pedro Gomes, que dirigia o carro usado para transportar Marielle, também morreu baleado. Ele levou pelo menos três tiros nas costas.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Liana Costa