Horas antes de entrar no Hospital Regional de Ceilândia e disparar contra Grasiele, Fabrício mandou mensagem fazendo graves ameaças
Horas antes de entrar no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e tentar matar a ex-companheira a tiros, Fabrício Claudino Machado (foto em destaque), 22 anos, mandou uma mensagem de voz fazendo graves ameaças a Grasiele Sousa de Carvalho, 19. O rapaz diz que desconfiava de um suposto relacionamento extraconjugal e, por isso, iria matá-la.
No áudio (ouça abaixo), ao qual o Metrópoles teve acesso, Fabrício ressalta que sabia que Grasiele estava “ficando com alguém”. Ele ainda ofende a mulher e a chama de “vagabunda dos infernos”. Na sequência, dispara: “Eu vou te matar, parceira. Juro perante a Deus que vou te matar. Se você não tiver na sua casa agora, eu vou no hospital. Vou te caçar”.
Fabrício teve prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele responderá por tentativa de feminicídio. Até a última atualização desta reportagem o suspeito estava foragido. Segundo o delegado-chefe da 15ª DP (Ceilândia), André Luís da Costa e Leite, Grasiele e Fabrício estavam separados há mais de dois meses.
O casal morava no Gama. Mas, após episódios de agressão, a jovem teria decidido se separar do rapaz. Os casos de violência não foram registrados, mas eram de conhecimento da família.
Escute o áudio com a ameaças de André
Cúmplice preso
Matheus Prado Batista Santos, acusado de dar fuga ao atirador, foi preso pela Polícia Militar. Na gravação de áudio encaminhado a Grasiele, Fabrício parece ainda conversar com outra pessoa. Segundo o delegado, a suspeita é de que seja Matheus.
O carro usado na fuga do suspeito era um Fiat Uno verde, de propriedade do pai de Matheus. O veículo foi localizado. Momentos antes do crime no HRC, Matheus teria contratado um chaveiro para abrir a porta da garagem onde o automóvel estava.
Procurado pela reportagem, o chaveiro disse que estava apenas “fazendo seu trabalho”. “Não tenho nada com o caso, nem soube desse episódio no HRC. Só me pagaram para abrir a porta e foi o que eu fiz”, disse ao Metrópoles.
Confusão
Grasiele foi atingida enquanto esperava atendimento para a filha na pediatria do hospital. Ela estava com o bebê no colo. Quando Fabrício chegou armado, houve tumulto e confusão. Segundo apurou o Metrópoles, a criança caiu no chão, com a vítima, e uma servidora na unidade da rede pública de Saúde levou um tiro de raspão na coxa.
“Foi uma correria muito grande, eu estava perto e tivemos que nos esconder na brinquedoteca. Não consegui ver muita coisa”, contou uma funcionária que pediu para não ter o nome divulgado. Ela disse que o homem chegou fazendo diversos disparos.
“Foi uma correria muito grande, eu estava perto e tivemos que nos esconder na brinquedoteca. Não consegui ver muita coisa”, contou uma funcionária, que pediu para não ter o nome divulgado. Ela disse que o homem chegou fazendo diversos disparos.
O promotor de vendas Lúcio Mariano da Silva, 42 anos, ouviu os disparos e viu quando o suspeito fugiu. “Ele parecia calmo. Não correu. Só saiu andando a passos rápidos, colocando a arma embaixo da camisa”, narrou.
Lúcio acompanhava a esposa, grávida, no bloco de ginecologia, localizado ao lado da pediatria. Ele também viu quando os seguranças do HRC socorreram Grasiele e a colocaram na ambulância. “Ela estava muito ensanguentada no meio dos seios e pálida, desfalecendo. Só falava ‘me socorre’, ‘me socorre’”, relatou.
O motorista Antônio Alves Carvalho, 26, chegou ao HRC em busca de atendimento para a filha, de 5 anos, mas encontrou a ala pediátrica interditada. “É péssimo. Minha filha está com febre alta. Nós moramos longe, no Incra 9, perto de Brazlândia. Agora, vou ter de ir ao Hospital Regional de Taguatinga”, lamentou.
Relacionamento conturbado
A irmã de Grasiele, Nayara Souza, 25, contou que estava jantando quando soube do crime. “Vim correndo e chorando, desesperada”, relembrou. Segundo ela, o suspeito tem passagens pela polícia. Inclusive, teria agredido Grasiele em diversas ocasiões. “Eles ficaram juntos por mais de cinco anos. Sempre iam e voltavam. Ele, às vezes, agredia ela, que aparecia com machucado no rosto. Mas nunca o denunciou”, contou.
Segundo a direção do hospital, a paciente estava no corredor da pediatria, aguardando medicação para o bebê, quando foi atingida. O pai da criança se identificou na recepção, onde havia dois vigilantes, e pediu para entrar. A mãe foi consultada e confirmou o parentesco. A entrada, então, foi liberada.
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que Grasiele segue internada em estado estável e a servidora teve alta ainda na noite de segunda (29).
Fonte: Metrópoles
Créditos: Metrópoles