O União Brasil anunciou nesta quinta-feira seu apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB) como candidato à presidência da Câmara. Inicialmente, a legenda apoiava Elmar Nascimento (União-BA) para a disputa, mas ele foi persuadido a retirar sua candidatura.
A estratégia do partido é que Motta, que já conta com o respaldo do PP e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além do apoio confirmado de PT, PL, MDB, Podemos e PCdoB, é o forte candidato para liderar a Casa, tornando inviável uma concorrência contra ele. O União Brasil teme a marginalização em eventuais conflitos.
Antes mesmo do apoio do União Brasil, Motta já tinha uma aliança que somava 316 deputados, número suficiente para garantir sua eleição.
Membros do partido já haviam se aproximado de Motta para estabelecer um acordo antes da desistência do líder do União Brasil, e realizaram esforços na quarta-feira à noite para convencer Elmar a recuar.
Elmar foi o candidato inicialmente apoiado por Lira, mas perdeu esse suporte ao ser considerado inadequado para unir diferentes setores da Câmara, favorecendo a candidatura de Motta.
O líder do União Brasil tinha feito um pacto com o líder do PSD, Antônio Brito (BA), para formar um bloco com partidos alinhados ao governo, mas a articulação não avançou sem o apoio do PT e MDB.
Na reunião, o líder do União expressou sua insatisfação com Lira:
— Já cheguei muito mais longe do que pensava. No processo, já comecei perdendo, perdi um amigo que considerava meu melhor amigo, Arthur Lira.
Dentro do PSD, há pressão para que o partido apoie Motta e não fique isolado na Câmara, já que Brito também é candidato à presidência.
Líderes partidários indicam que o PL, o maior partido da Câmara, deverá assumir a primeira vice-presidência, enquanto o PT, o segundo maior, garantirá a primeira-secretaria. A terceira posição na Mesa Diretora da Câmara deverá caber ao União Brasil.
O partido também discute a liderança da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que deve ser oferecida a Elmar.
Além disso, a relatoria do Orçamento é disputada entre o MDB e o União Brasil, e Elmar solicitou indicar o relator do orçamento em troca de sua desistência da candidatura e apoio a Motta. Contudo, a expectativa é que esse cargo fique com o MDB.
Sobre a possibilidade de uma indicação para um ministério na administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Elmar esclareceu que a disputa na Câmara é independente desse assunto.
— Estamos focados na sucessão da Câmara. O ministério é uma questão do presidente Lula.
Antes de participar da reunião, o líder do partido já havia sinalizado que estava disposto a abrir mão da candidatura:
— A candidatura não é minha, é do meu partido e dos partidos que nos apoiam. Se todos pedirem, tenho que ponderar, pois não posso priorizar minha vontade pessoal sobre a dos companheiros. Como líder do partido, não posso agir somente com base no que penso.
Com informações de O GLOBO