Um dia antes da Polícia Federal (PF) deflagrar nesta terça-feira a Operação Placebo e cumprir mandandos de busca de apreensão na residência oficial e endereços ligados ao governador do Rio, Wilson Wiztel (PSC), e sua mulher, Helena Witzel, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, afirmou em entrevista à “Rádio Gaúcha” que, após a saída do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, do governo teríamos nos próximos meses operações para apurar a conduta de “alguns” governadores em investigações sobre suspeitas de irregularidades na área da Saúde.
A informação foi revelada em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira, dia 25. (OUÇA AQUI)
“Justamente na semana em que o ex-juiz Sergio Moro saiu do Ministério da Justiça e a gente colocou – a gente que eu digo governo -, o presidente Jair Bolsonaro colocou um delegado da Polícia Federal… A gente já teve algumas operações da Polícia Federal que estavam na agulha para sair, mas não saiam. A gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar, talvez, de “Covidão” ou de… não sei qual vai ser o nome que eles vão dar… mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”, disse na entrevista.
Após sair do governo, Moro – que foi padrinho de casamento de Zambelli – divulgou uma conversa em que a deputada pede para ele aceitar a demissão do então diretor-geral da PF Maurício Valeixo, pessoa de sua confiança, em troca de uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal. Zambelli afirmou no depoimento que a proposta foi para “incentivar” Moro a permanecer no Ministério da Justiça.
“ Por favor ministro, aceite o Ramagen, e vá em setembro para o STF. Eu me comprometo a ajudar a fazer JB (Jair Bolsonaro) prometer”, diz Carla.
Em resposta, Moro afirma: “Prezada, não estou à venda”.
Wiztel na mira da PF
Na manhã desta terça-feira, 15 equipes da PF participaram da Operação Placebo, que tem a finalidade de apuração dos indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus no Estado do Rio de Janeiro. Doze mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos, sendo dez na capital fluminense e dois na cidade de São Paulo. Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Investigações iniciadas no Rio pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal apontam para a existência de um esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do estado.
Briga Bolsonaro x Witzel
Bolsonaro atribuiu a Witzel o vazamento à imprensa das investigações sobre o crime que citaram uma suposta conexão entre ele e o caso. A tentativa de associar Bolsonaro ao assassinato de Marielle despertou a ira dos bolsonaristas. O governador nega as acusações. Witzel disse que “jamais vazou” qualquer tipo de informação e que as primeiras declarações fortes de Bolsonaro.
As trocas de farpas são frequentes e xingamentos também. O último deles aconteceu em uma reunião ministerial no dia 22 de abril, quando o presidente chamou o governador do Rio de Janeiro de “estrume”. O vídeo da reunião oficial, feita dentro da sede do governo, foi divulgado há pouco por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), dentro de uma investigação para verificar denúncia de que o presidente tentou interferir na Polícia Federal.
“O que esse bosta do governador de São Paulo e o estrume do Rio de Janeiro estão fazendo com o vírus!”, diz Bolsonaro exaltado à mesa com os ministros. “Os governadores querem levar o terror para o Brasil”.
Fonte: Extra
Créditos: Extra