As mais recentes suspeitas levantadas pelo Ministério da Defesa sobre a segurança das urnas eletrônicas, durante uma audiência pública no Senado na semana passada, reforçaram em integrantes do Tribunal Superior Eleitoral a percepção de que os militares têm feito jogo duplo para atender à pressão do presidente Jair Bolsonaro.
Sob reserva, fontes bem posicionadas dizem que, nas reuniões que fazem com o corpo técnico do tribunal, os representantes da Defesa têm demonstrado compreensão sobre a segurança e a transparência do sistema eletrônico de votação e também sobre a inviabilidade de acolher parte da propostas apresentadas pelo Exército. Só que, publicamente, o discurso é bem diferente.
“A participação deles (militares) na comissão é salutar, muito tranquila. Nas reuniões não há nada que possa gerar conflito. O problema é depois, quando vai pra fora. É clara a mudança de postura quando o discurso é para fora”, resumiu à coluna um integrante do TSE.
A audiência na semana passada com a participação do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e do coronel Marcelo Nogueira de Souza, que chefia a equipe designada para acompanhar as eleições, foi um exemplo acabado da postura adotada pelos fardados.
Na visão da mesma fonte da Corte, os militares só ajudaram a ressuscitar, a menos de três meses do primeiro turno, o já debatido e descartado voto impresso auditável, dando munição para a claque bolsonarista e disseminando suspeitas sem qualquer embasamento técnico.
Para o corpo técnico do TSE, o debate no Senado virou “palanque” para que o general e o coronel reproduzissem o discurso usado pelo presidente para colocar em xeque a integridade das urnas.
Na ocasião, os militares chegaram a propor uma espécie de votação paralela com cédulas de papel no dia do pleito para fazer um tipo de teste destinado a dar “um grau de certeza maior em relação a possível ameaça” ao sistema eletrônico atual.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba