Na reta final da disputa pela vaga aberta no TCU (Tribunal de Contas da União), o cenário sobre o resultado da eleição no Senado é de incerteza. A avaliação quase unânime é a de que, diante da disputa ferrenha, as articulações do último fim de semana podem ter sido determinantes para a definição do nome que ocupará a vaga deixada por Raimundo Carreiro.
Sem acordo em torno de um único nome, a escolha do próximo ministro da Corte será feita por meio de uma eleição, prevista para terça-feira (14). Estão na corrida o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE); o senador Antonio Anastasia (PSD-MG); e a senadora Kátia Abreu (PP-TO).
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter sido aconselhado a não se intrometer na disputa, o governo está dividido.
Ministros dizem que, hoje, no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios não há consenso. Uns torcem pela eleição de Kátia Abreu, outros pela de Fernando Bezerra.
O quadro é de tanta indefinição que o placar final da eleição muda conforme o interlocutor da conversa. Aliados de Bezerra, por exemplo, passaram a circular a informação de que, hoje, o líder do governo teria maioria no plenário. Mas o próprio partido do senador, o MDB, não chega unido na disputa. Uma ala importante da legenda apoia e trabalha pela eleição de Kátia.
Concorrente discreto
Embora seja aliado de primeira hora do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), integrantes da Casa dizem que o perfil mais discreto de Anastasia pode beneficiá-lo na disputa.
A avaliação feita por importantes observadores da disputa é a de que o mineiro precisa desconstruir a narrativa de que, por ser técnico, não seria afeito à política.
Anastasia, que tem o apoio na ala considerada mais independente do Senado, tem como maior desafio mostrar tanto para o governo, quanto para a oposição que, caso seja o escolhido pelos pares, não será um “inimigo” da política na Corte de contas, tese que tem sido aventada nos corredores da Casa.
De acordo com relatos da CNN, o senador tem intensificado as conversas com colegas de todos os espectros políticos justamente no sentido de se apresentar como um homem do diálogo, lembrando, inclusive, que apesar de ser tido como técnico, tem carreira consolidada na política, principalmente como vice-governador e governador de Minas Gerais.
E é justamente pela falta de consenso dentro do governo que observadores privilegiados da disputa acreditam que Anastasia tem capacidade de conquistar mais votos dentro do plenário.
Em conversas recentes com integrantes do governo, aliados de Anastasia lembraram que a postulação do mineiro pela vaga no TCU foi discutida com Bolsonaro no início do ano. Pessoas que participaram da conversa disseram que, àquela altura, o presidente fez, inclusive, um gesto de apoio ao nome do senador.
O cenário traçado naquele momento era o de que Anastasia não teria adversários e, consequentemente, respaldo do Planalto para ocupar a cadeira que viria a ser aberta pela saída de Raimundo Carreiro.
As resistências de integrantes da oposição em apenas referendar um nome do Planalto, no entanto, mudaram o cenário. Com apoio do senador Renan Calheiros (MDB-AL), Kátia Abreu entrou na disputa como uma concorrente de peso. Embora bastante próxima a Calheiros, a senadora passou a ser vista como a única capaz de arregimentar votos tanto da base quanto da oposição.
Nos últimos dias, aliados da senadora também passaram a considerar o chamado voto útil. A avaliação do grupo é a de que, caso os apoiadores de Anastasia percebam que ele não tem apoio suficiente do plenário, esses votos podem acabar migrando para Kátia.
Muitos senadores dizem nos bastidores que a entrada de Bezerra na disputa embolou o jogo e acabou por rachar a base do governo. Uma ala da Esplanada tem dito que o apoio explícito do Planalto a Bezerra poderia mais prejudicar do que beneficiar Bolsonaro.
Essa avaliação ganhou ainda mais força depois de o TCU ter aprovado uma resolução que veta a nomeação à corte de indicados que respondam a ação penal por crime doloso contra a administração pública ou ação de improbidade administrativa.
Embora Bezerra defenda que sua postulação à indicação do Senado para o cargo de ministro de Tribunal de Contas da União preenche todos os requisitos constitucionais e critérios estabelecidos pela norma da tribunal, nos últimos dias passou a circular nos bastidores a possibilidade de que, se escolhido, o líder do governo terá que apelar a uma decisão judicial para garantir sua nomeação. Nesse cenário, o Planalto voltou a receber recados de que o melhor é se manter isento.
Apesar de senadores dizerem que não enxergam espaço para um acordo em torno de um único nome, só Anastasia formalizou sua entrada na disputa.
Ainda segundo a CNN, tanto Kátia Abreu, quanto Fernando Bezerra deixarão o movimento para a última hora. Aliados dos dois têm ventilado, no entanto, uma possibilidade de recuo. Ambos negam e dizem estar firmes na disputa.
Fonte: Polemica Paraíba com CNN
Créditos: Polemica Paraíba