Morreu, no fim da noite desta terça-feira (27), a terceira vítima do incêndio que atingiu o Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, durante a manhã. A informação foi confirmada pelo Ministério da Saúde à Globonews. Também faleceram uma senhora de 83 anos, ainda não identificada, que estava internada com covid-19 e em estado grave no CTI coronariano. Mais cedo, Núbia da Silva Rodrigues, 42 anos, também paciente da doença, morreu durante o processo de transferência para outro hospital. O estado dela era gravíssimo.
A assessoria do Hospital Federal de Bonsucesso informou, na noite desta terça-feira, que todo o prédio será evacuado e os pacientes serão transferidos para outras unidades do estado do Rio, de acordo com a disponibilidade que será apontada pela Central de Regulação do Município. Ao todo, 289 pacientes estavam internados na unidade, 143 já foram transferidos e outros 144 ainda serão levados para outros hospitais.
Segundo a assessoria, a recomendação para a transferência de todos os pacientes partiu do Corpo de Bombeiros, por conta do volume de fumaça, cheiro forte e da combustão ainda não controlada. Outra questão, é que o subsolo, onde o incêndio começou, é interligado aos outros seis prédios, podendo apresentar riscos aos pacientes.
O trabalho de rescaldo ficou prejudicado porque o prédio onde aconteceu o incêndio está sem energia elétrica. Foi preciso colocar um gerador para iluminar o prédio para que os bombeiros pudessem continuar o trabalho.
Bebês que estão no berçário e na UTI serão levados pela ambulância do programa Cegonha Carioca.
Para especialista, incêndios de Bonsucesso e Badim têm similaridades
Em agosto de 2019, o incêndio de grandes proporções no Hospital Badim, na Tijuca, trouxe profunda dor e aflição para familiares e pacientes, deixando 23 mortos. Mais de um ano depois, a comoção em escala nacional retorna com o incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso, referência para o tratamento da covid-19, que deixou dois mortos, segundo a última atualização. As tragédias, separadas pelo tempo, possuem muitas similaridades, segundo especialista em prevenção e combate a incêndios.
Wesley Pinheiro conta que os dois incêndios começaram no subsolo onde, em estruturas prediais mais antigas, estão localizados geradores de energia e almoxarifados, uma combinação muito volátil quando não há a devida proteção. Apesar do alarme referente às chamas, o treinador de brigadas de incêndio alerta para o principal perigo: a fumaça.
“Quando a fumaça sai da cobertura de um prédio, o calor não atinge os andares inferiores, mas, de baixo para cima, tem tudo para dar errado porque ela sobe com velocidade, elimina a fissão, causa queimaduras. Pelas estatísticas NSTA, órgão dos Estados Unidos, 80% da causa de morte de pessoas em incêndios é a fumaça”, destaca.
Somando-se ao alarde da fumaça, o Hospital de Bonsucesso ainda não tem o documento de vistoria do Corpo de Bombeiros, e para Wesley, isso significa um sinal de portas interditadas. “Primeiro, tem que ser emitido o certificado de aprovação, o CA. Uma edificação sem isso não era para estar funcionando, não tem fiscalização”, afirma. Ainda segundo ele, a corporação poderia ter sido mais incisiva no pedido de fechamento do hospital.
Estrutura bem preparada
Para garantir toda a segurança e comodidade aos pacientes, funcionários e visitantes dos hospitais, o especialista recomenda que os prédios respeitem algumas determinações caso usem o subsolo, como ter lajes e portas corta-fogo para evitar o alastramento do fogo. Dentro da estrutura, o cabeamento e a tubulação devem ser vedados, além da instalação de exaustor e ventiladores para tirar o ar impuro do ambiente.
Fonte: Meia Hora
Créditos: Meia Hora