Na manhã desta terça-feira, 10, foi comprovado que a morte do voluntário dos testes da vacina contra a covid-19, Coronavac, não possui qualquer relação entre o incidente e o imunizante.
Ainda assim, o presidente da ANVISA, almirante Antonio Barra Torres, afirmou em entrevista coletiva que não tinha informação sobre o suicídio presumido do voluntário – esta é a forma com que a polícia paulista trata o caso, que também pode se tratar de uma overdose.
Barra Torres pode estar apenas se escorando na questão do sigilo quando diz que esperará informações por canais oficiais, no caso o Comitê Independente Internacional que rege os testes de vacinas mundo afora.
No reunião virtual desta manhã, foram enviados relatórios policiais e médicos sobre o episódio.
Segundo integrantes do governo paulista, não haveria mais motivos técnicos para manter a suspensão dos testes da Coronavac, já que todos os detalhes do caso foram entregues à Anvisa. A Agência manteve a decisão.
A reunião desta manhã com membros do Instituto Butantan, que patrocina os testes da Coronavac e irá produzir o imunizante se ele for eficaz, foi convocada na noite de segunda, 9, pouco antes de a Anvisa tornar público que suspenderia os testes.
Membros da administração paulista afirmam não fazer sentido a suspensão ter sido anunciada apenas 38 minutos do envio de um e-mail sobre o tema, sugerindo a intenção de desagastar politicamente o governo de João Doria (PSDB-SP).
A comunicação do evento adverso grave foi feita no dia 6, mas ficou três dias parada no sistema de computadores da Anvisa. Naquele relato não havia dados detalhados do que havia ocorrido. A reunião desta terça poderia, na visão paulista, solucionar o caso.
A noção prevalente é a de que há má vontade política por parte da Agência contra a vacina de origem chinesa que será produzida em conjunto com o Instituto Butantan.
O presidente Jair Bolsonaro deu o tom dessa disputa nesta manhã, ao celebrar o que chamou de vitória sobre Doria com a suspensão dos testes. A Anvisa teoricamente é uma Agência reguladora independente.
O próprio Barra Torres afirmou na entrevista que há “uma guerra política lá fora”, e que seria importante deixá-la distante das atividades da Agência.
Fonte: Folha de SP
Créditos: Polêmica Paraíba