O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (9) mudanças no tratamento de tuberculose em crianças menores de dez anos. As alterações envolvem a oferta dos mesmos remédios hoje disponíveis por meio de uma dose única combinada, em uma espécie de pílula “3 em 1”.
Atualmente, o tratamento é feito por uma associação de três medicamentos em uma primeira fase (rifampicina 75 mg, isoniazida 50 mg e pirazinamida 150 mg) e dois em uma segunda (rifampicina 75 mg e isoniazida 50 mg). Até então, porém, a criança precisava tomar os remédios separadamente, de uma só vez.
Agora, o tratamento passará a ser feito por meio de uma dose fixa combinada dos remédios de cada fase, em modelos “3 em 1” e “2 em 1”. O comprimido também será solúvel em água e terá sabores mais palatáveis, segundo a pasta.
O objetivo é facilitar a administração dos remédios e diminuir possíveis erros de dosagem. Para a coordenadora do Departamento de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas, Denise Arakaki, o novo modelo também tende a diminuir o sofrimento dos pais e crianças, aumentando a adesão ao tratamento.
A estimativa é que o novo formato esteja disponível no SUS em 2020. A data ainda não está definida. “Mas queremos que esteja disponível até o início do semestre que vem”, afirmou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Inicialmente, o tratamento estará disponível para 1.500 crianças, número semelhante ao total de casos novos de tuberculose registrados entre menores de dez anos em 2018.
Representantes do ministério, porém, dizem avaliar que há subnotificação nesses dados. Outro problema é o atraso no diagnóstico, situação que é ainda mais grave em crianças, afirma Mandetta. “Há muita falha de diagnóstico, ou diagnóstico feito em fase tardia”, afirma.
Doença infecciosa que afeta prioritariamente os pulmões, a tuberculose é transmitida por meio da via respiratória, quando partículas expelidas no ar que contenham a bactéria causadora da doença (Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch) são inaladas por outra pessoa. Em geral, essa transmissão ocorre por meio do espirro, tosse ou fala. Além dos pulmões, a doença também pode atingir outros órgãos, situação mais frequente em pacientes com HIV ou sistema imunológico comprometido.
Atualmente, o Brasil é um dos 30 países com maior incidência de tuberculose. Só no último ano, somadas todas as faixas etárias, foram 75.717 casos da doença, o equivalente a 36,2 casos a cada 100 mil habitantes. A doença também levou a 4.500 mortes em 2017, ano dos dados mais recentes para esse indicador. “Para uma doença que tem cura, é um número que consideramos inaceitável”, diz Arakaki.
Segundo ela, apesar de responder por cerca de 2% do total de casos, a incidência de tuberculose em crianças tem aumentado nos últimos anos –daí as mudanças para tornar mais fácil o tratamento desse grupo. Em 2015, a incidência da doença em menores de quatro anos era de 5,6 casos a cada 100 mil crianças. Já em 2018, essa proporção passou para 7,2 casos a cada 100 mil crianças.
Entre aqueles de 5 a 14 anos, a incidência passou de 3,9 casos a cada 100 mil para 4,8 a cada 100 mil no mesmo período.
O tratamento adequado é fundamental para interromper a transmissão da doença, prevenível por meio da vacinação. Em geral, cada tratamento dura em média seis meses. Apesar da melhora dos sintomas ainda nas primeiras semanas, a cura só é garantida ao fim do esquema terapêutico e após análise de exames.
Segundo o Ministério da Saúde, estudos feitos pela Conitec, comissão responsável por avaliar a incorporação de medicamentos no SUS, apontaram a mesma eficácia tanto para o tratamento com dose combinada, que passará a ser ofertada no próximo ano, quanto para o modelo atual.
Antes de ser ofertado para crianças, o modelo de dose única já estava disponível para adultos desde 2010, mas com outras formulações e na forma de comprimido. A medida segue recomendação da Organização Mundial de Saúde.
Questionada, a pasta não informou o valor investido para oferta do novo modelo de tratamento. Neste ano, o Brasil assumiu a presidência do Stop TB Partnership, instituição ligada à ONU.
Fonte: Click PB
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