O delegado Alexandre Saraiva, que será substituído da chefia da Polícia Federal do Amazonas, como revelou o Painel, diz que só soube da troca pela imprensa. Em atrito com o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), ele afirma que chegou a receber de um integrante da nova cúpula uma sondagem para assumir um posto no exterior, mas não foi dito nem quando nem onde.
O policial afirma que o novo diretor-geral, Paulo Maiurino, não o procurou em nenhum momento até agora.
Em entrevista ao Painel nesta quinta-feira (15), Saraiva faz uma provocação indireta ao novo comandante da PF.
“Eu sou um soldado, cumpro missão. Nunca pedi pra ser chefe de nada. Nunca neguei missão na PF e nunca tive missão fácil. E toda minha carreira, quero deixar isso claro, toda minha carreira foi totalmente dentro da Polícia Federal. Nunca fui cedido a órgão nenhum”, disse o delegado.
Maiurino ficou fora da Polícia Federal nos últimos anos ocupando cargos políticos em estados e depois no STF e no STJ.
O sr. foi comunicado da sua saída?
Não fui avisado. Me disseram que me ofereceriam um posto de adido, não me disseram onde, nem quando. Não foi nem meu chefe imediato que avisou, o único que poderia fazer esse comunicado, meu superior hierárquico. Não falaram nem quando seria.
Qual é o motivo da troca?
Não sei se eles querem me tirar daqui. Foi uma conversa entre amigos que me falaram sobre o posto.
A PF confirma essa informação.
A informação para ser chamada de oficial tem dois caminhos: ou meu chefe me liga ou coloca no diário oficial.
O sr. gostaria de permanecer?
Eu sou um soldado, cumpro missão. Nunca pedi pra ser chefe de nada. Nunca neguei missão na PF e nunca tive missão fácil. E toda minha carreira, quero deixar isso claro, toda minha carreira foi totalmente dentro da Polícia Federal. Nunca fui cedido a órgão nenhum.
O seu chefe, o diretor-geral, ficou alguns anos fora da PF. O sr. está fazendo uma crítica a ele?
Eu não vou me manifestar sobre o meu chefe.
O sr. vai continuar com o caso?
Ainda que fosse verdade essa informação, eu não fiz concurso para superintendente. Eu sou delegado da PF.
O sr. soube pela imprensa?
Sim. Soube por uma notícia da imprensa. Se é verdade ou não, eu não sei.
A informação é do Painel. Ela é verdadeira.
Não estou dizendo isso. Estou dizendo que juridicamente ela não é oficial, ela não existe.
O sr. criticou Ricardo Salles à Folha e disse que na Polícia Federal não vai passar a boiada. O atrito com o ministro pode ter sido um motivo para a tomada de decisão do novo diretor-geral?
Não tenho como saber. Sempre toquei inquérito, até para não esquecer o que eu sou, delegado da PF.
O sr. apresentou uma notícia-crime contra Salles no STF. Qual o futuro disso?
O STF vai decidir. O que eu tinha sobre os acontecimentos estão lá na notícia-crime.
Na PF, há informação que isso não foi bem visto. O sr. se arrepende?
Não. Eu era obrigado a fazer. Eu tenho um dever de fazer isso, é o que a lei determina. Se fosse uma pessoa sem foro privilegiado, eu instauraria inquérito. Como é um ministro, eu enviei para o Supremo.
A PF diz que a decisão foi tomada antes de o sr. apresentar a notícia-crime, que não teria relação. O sr. apresentou depois por que já sabia que sairia?
Eu conseguiria escrever 38 páginas, reunir argumentos, em tão pouco tempo? Eu me considero rápido, mas não foi isso. E eu não faria isso. Se quiserem fazer perícia no arquivo, podem fazer.
Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
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