Era 17 de janeiro de 2021 quando a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no Brasil, se tornando a primeira pessoa a ser vacinada no país inteiro. Calazans recebeu o imunizante Coronavac, desenvolvido no país pelo Instituto Butantan, no Hospital das Clínicas de São Paulo e atualmente já está completamente imunizada.
Para ela, as críticas à Coronavac são “ataques sem fundamento”. “Quem ataca não tem conhecimento. Sou prova viva de que a vacina é eficaz e os cientistas elaboraram muito bem”, diz ela em entrevista à CNN. “No fundo todo mundo vai acabar se vacinando porque todo mundo quer tirar a máscara”, afirma.
Segundo Calazans, ela não teve efeito colateral após tomar as duas doses do imunizante. A enfermeira também afirmou, sobre casos de “sommelier de vacina”, ou seja, pessoas que chegam nos postos de saúde e querem escolher qual imunizante irão tomar, que “vacina boa é vacina no braço”.
“Agora temos mais confiança que temos vacina, a equipe que eu trabalho está imunizada, trabalhamos com mais segurança, mas isso não dá o direito de abrirmos a guarda enquanto todo mundo não estiver vacinado. Não tirem a máscara”, alerta Calazans.
Calazans conta que, depois que o pesadelo da pandemia passar, ela quer “mostrar o seu sorriso tirando a sua máscara”. “Os hábitos de higiene, como lavar as mãos frequentemente, temos de levar para a nossa vida. Mas quero que todo mundo possa mostrar o seu sorriso, que eu possa apertar as mãos e abraçar as pessoas, ir a uma festa com segurança, retomar a vida normal. Hoje não fazemos mais isso”, diz.
Calazans parabenizou “todos os seus colegas da área da saúde”. A enfermeira ainda fez um pedido, ressaltando para que as pessoas tomem cuidado e continuem a obedecer as medidas para evitar o contágio. “Olhe para o futuro. Vamos passar com excelência por esse período”, afirma.
Seis meses depois da primeira pessoa vacinada contra a Covid-19, o Brasil ocupa o 66º lugar no ranking global de aplicação de doses da vacina neste sábado (17), na relação a cada 100 habitantes, com 57,62 doses aplicadas.
Mulher, negra e enfermeira da linha de frente
Mônica Calazans, de 54 anos, mora em Itaquera, na zona Leste da capital paulista, e trabalha no hospital Emílio Ribas, referência no tratamento de Covid-19 no país. Para chegar ao seu trabalho, de acordo com um relato feito ao governo de São Paulo, ela leva cerca de uma hora e meia.
A enfermeira tem perfil de alto risco para complicações da Covid-19: é obesa, hipertensa e diabética. Mesmo assim, em maio, quando a pandemia atingia alguns de seus maiores picos, escolheu trabalhar no Emílio Ribas, mesmo ciente de que a unidade estaria no epicentro do combate à pandemia. Segundo ela, a vocação falou mais alto.
A profissional atuou como auxiliar de enfermagem durante 26 anos e resolveu fazer faculdade já mais adulta, e conseguiu o diploma de enfermeira aos 47 anos.
Corintiana, Mônica é viúva e mora com o filho Felipe, de 30 anos, conta que é minuciosa nos cuidados de higiene e distanciamento no trabalho e quando chega em casa.
Em 2020, Mônica foi a vencedora do prêmio Notáveis CNN por conta de sua luta contra o novo coronavírus. Ao receber o prêmio, ela se emocionou. “Eu não sei nem se essa palavra, heroína, cabe a mim. Falo por mim, por todos os profissionais de saúde que ainda estão na linha de frente e aqueles que não estão mais com a gente, que tentaram fazer um trabalho perfeito e foram arrebatados pela doença”, disse.
Fonte: CNN Brasil
Créditos: CNN Brasil