Sensibilidade

SOLIDARIEDADE: criança de 6 anos rifa carro de colecionador para doar cestas básicas

 

“Não tem idade para exercitar a solidariedade”, disse o pai de Arthur Moreira. O garoto de apenas 6 anos se sensibilizou com a situação de pessoas em situação de vulnerabilidade na pandemia e decidiu fazer algo para ajudar. Por iniciativa própria, o menino elaborou uma estratégia e propôs à família: vender um fusca de colecionador placa preta para reverter o valor em cestas básicas.

 

A ideia do garoto teve sucesso. Convenceu os pais e conseguiu vender 4.500 rifas, que se transformaram em 450 cestas básicas, doadas a pessoas de Contagem (MG). Mas não parou por aí. A repercussão do ato solidário também conseguiu um abastecimento de leite especial para uma ONG durante sete meses.

 

O engenheiro mecânico Eduardo Moreira, pai do menino, contou a Ecoa que adquiriu o Fusca 1980 há cinco anos. Ele encontrou o carro em uma loja que, curiosamente, tinha o nome do filho. Quando viu a placa estampada com “Arthur”, teve a certeza de que aquele automóvel era para ser seu.

“Meu filho tinha um ano e poucos meses quando comprei o carro. É um fusca placa preta, de colecionador. É o segundo que eu compro. Gosto mundo desse tipo de carro. Na época, todo mundo me perguntava se eu venderia, e eu dizia que era do Arthur. Quando começou a ler, a primeira coisa que ele identificou foi o nome dele no carro. E ficou com isso na cabeça que o carro era dele”, relembrou.

 

Certo dia, neste ano, a família estava reunida em frente à TV assistindo uma reportagem sobre as dificuldades enfrentadas pela população durante a pandemia, com muita gente passando fome. Foi o gatilho para despertar no menino uma inquietude e compartilhar com os pais o desejo de pôr a solidariedade em prática.

 

“Ele veio e disse: ‘Papai, já que o carro é meu, eu queria fazer com ele algo que pudesse ajudar essas pessoas’. Eu pensei: vender o carro, não. Vamos fazer uma rifa para mobilizar um número maior de pessoas. Fiz um vídeo dele e divulgamos entre os amigos. Vendemos 4.500 rifas desse carro. E conseguimos reverter em 450 cestas básicas. Foram doadas para todo lugar. Gente que eu nem sabia que estava com dificuldade bateu lá pedindo cesta”, detalhou Eduardo Moreira.

 

No vídeo, que viralizou nas redes sociais, o pequeno Arthur convoca os internautas a embarcarem na sua missão social. “Oi, gente. Tudo bem? Eu sou o Arthur, de 6 anos. Eu tive uma ideia muito legal e vim contar para vocês. Eu queria fazer uma rifa com esse fusca daqui, olha. E com o dinheiro, eu vou comprar cestas básicas e vou dar para quem não tem o que comer. Vamos lá, gente. Me ajuda nesse processo”, disse o garoto.

 

A rifa, no entanto, não teve ganhador. O pai de Arthur mais uma vez se surpreendeu com a empatia do filho.

 

“Eu disse: Arthur, não teve ganhador. E agora? Ele tinha uma bicicletinha antiga e uniu uma coisa à outra. ‘Ah, então vamos vender o carro, pai. A gente troca minha bicicleta e compra o restante de leite especial e doa para uma ONG de crianças”, disse.

 

O fusca foi, então, anunciado para venda. Um amigo da família se interessou e o negócio acabou sendo fechado. Mas o pagamento não chegou em dinheiro.

 

O empresário Willian de Oliveira, que comprou o veículo, explicou: “vou fornecer 57 latas de um leite especial por mês durante sete meses a uma ONG. Cada lata dessa custa em média R$ 50. Essa oferta toda chegará a R$ 20 mil, que é o valor estimado do carro.”

 

O comprador explicou que gosta de carro antigos e também de ações sociais. Ao ver o anúncio nas redes sociais, decidiu que poderia ajudar.

 

“Foi uma compra aleatória. Embora goste de carros antigos, não sou colecionador. É meu primeiro placa preta. Vi a postagem do Eduardo sobre a rifa. Comprei algumas, acho que foram 30. E não fui sorteado. Depois que eu vi que ele estava disposto a trocar o carro pelo leite, me senti na obrigação de ajudar”, continuou.

 

O empresário confessa que sempre apoiou trabalhos solidários, mas que havia suspendido suas participações durante a pandemia até ver o chamado de Arthur.

 

  • “Me senti em dívida. Então, essa foi uma oportunidade de resolver duas coisas ao mesmo tempo. Me sinto feliz em poder ajudar, mas também fico satisfeito de concretizar a meta traçada pelo Arturzinho”, ressaltou.

 

 

Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba