Há algum tempo circulam na internet – principalmente em sites e fóruns dos Estados Unidos e do Reino Unido – informações sobre uma lenda, digamos, urbana capaz de amedrontar a mais corajosa das mulheres: a temida “Dead Vagina Syndrome”.
A Síndrome da Vagina Morta, em tradução livre para o nosso idioma, consiste em uma diminuição maciça e crescente da sensibilidade após o uso recorrente de vibradores. Segundo as teorias, o apelo constante das mulheres aos sex toys acaba criando uma espécie de tolerância à estimulação clitoriana e vaginal, impossibilitando o orgasmo tanto com aparelhos quanto com parceiros de carne e osso. Com o passar do tempo, a vagina acaba por “falecer” de vez e o prazer vai literalmente para o Além.
Seja qual for a origem dessa história horripilante, o fato é que ela não corresponde à realidade. E, na prática, trata-se apenas de mais um tabu para cercear e limitar a sexualidade feminina e fazer com que as mulheres se sintam culpadas por se masturbarem. Não há, na literatura médica, nenhum estudo que comprove que a condição ligada à Síndrome da Vagina Morta realmente exista.
Dormência temporária
Segundo o psicólogo e terapeuta sexual Oswaldo Martins Rodrigues Jr., diretor do InPaSex (Instituto Paulista de Sexualidade Humana), o que acontece é que, após uma estimulação por tempo prolongada, qualquer órgão do corpo perde a sensibilidade e fica dormente. “A sensibilidade volta ao estado anterior em poucas horas ou até no outro dia. É uma dormência temporária que não oferece risco algum. Mas se a mulher partir para uma nova masturbação com o brinquedo ou para a penetração do parceiro logo depois de um orgasmo via vibrador, é óbvio que a sensação experimentada será diminuída”, conta.
De acordo com Oswaldo, a estimulação vaginal regular através da introdução de masturbadores de maior tamanho tem o risco de produzir lacerações. Assim, o tecido cicatrizado pode dificultar as transas, por causar dor. Porém, isso não tem nada a ver com sensibilidade prejudicada.
De acordo com uma pesquisa relatada pela ginecologista e obstetra Shazia Malik, do Reino Unido, os efeitos dos casos de dessensibilização após o efeito da vibração em mãos desapareceram dentro de uma hora – e o mesmo poderia ser relatado sobre a vagina. Outro estudo observou que apenas 0,5% das mulheres relataram perda da sensibilidade por mais de um dia após o uso de um vibrador.
Vida longa às vaginas
Para a ginecologista e obstetra Cristina Carneiro, de São Paulo (SP), é válido lembrar que o uso de vibradores pela ala feminina é recomendável por muitos especialistas. “Ele não só ajuda a mulher a conhecer o próprio corpo e a descobrir as áreas que mais lhe dão prazer como também podem ser usados em diversas práticas e brincadeiras a dois. Além disso, já foi comprovado que o aparelho oferecer vários benefícios à saúde, inclusive permitindo que a vagina seja fonte de prazer e bem-estar por muito mais tempo”, afirma.
Conforme pesquisas de Mary Jane Minkin, professora obstétrica, ginecologista e de ciências reprodutivas da Universidade de Medicina de Yale (EUA), o vibrador tem efeitos para as mulheres durante o climatério e após a menopausa, quando apresentam atrofia vaginal pela diminuição dos hormônios, secura na região, infecções no trato urinário, coceira e dores e sangramento durante a relação sexual. Com o uso frequente do vibrador, aumentam o fluxo sanguíneo e a lubrificação da vagina, há diminuição da atrofia vaginal e de todos os outros sintomas.
Fonte: UOL
Créditos: UOL