Na última sexta-feira (19/11), a ativista Sara Winter, 29 anos, revelou detalhes de sua relação com o governo Bolsonaro e as articulações do “Acampamento dos 300”, instalado em maio de 2020, em Brasília. Em entrevista à ISTOÉ, a ativista apontou nomes de parlamentares, ministros e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na orientação para atacar a imprensa, o Supremo Tribunal Federal (STF) e, o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
A ex-defensora de Bolsonaro se declara desiludida com o presidente. Entre os motivos da indignação, a censura dentro do bolsonarismo, a falta de apoio e uma dívida de mais de R$ 3 milhões, referente à processos judiciais. A ativista se diz arrependida de ter feito o acampamento. “Não tem mais como defender Bolsonaro. Mas se ele pedir para os bolsonaristas comerem merda, as pessoas vão comer”.
Sara não revelou quem teve a ideia dos ataques e afirmou que a iniciativa do acampamento partiu dela e de Osvaldo Eustáquio “que se transformou numa histeria coletiva”. No entanto, disse que diversos parlamentares como Daniel Silveira (PTB-RJ), Carla Zambelli (PSL-SP), Sargento Fahur (PSL-PR) e Bia Kicis (PSL-DF) foram muito presentes na organização do acampamento, incluindo o ministro-chefe do Gabinete de Segurança, general Augusto Heleno.
Segundo a ativista, a deputada Carla Zambelli era a parlamentar que mais interagia com o acampamento. Também teria partido de Zambelli o direcionamento dos protestos contra Rodrigo Maia. A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Bia Kicis, tinha o papel de ajudar na estrutura da organização. De acordo com Sara, a deputada teria cedido um assessor de seu gabinete para acompanhar as reuniões com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal. Além disso, durante a entrevista, ela disse que a influência do presidente Bolsonaro sobre o grupo era direta, mas que ele não poderia ser o “protagonista para não sofrer represálias”.
Ao se referir a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, foi cautelosa com as palavras. Sara chegou a morar com ela e era comum que a filha de Damares ficasse na casa de sua mãe. A ministra teria orientado Sara à abandonar o acampamento. “A Damares já sabia que eu ia ser presa e o governo orientou a não falar mais comigo”. As duas não se falam desde 27 de maio de 2020.
Quando questionada sobre o funcionamento da milícia digital, ela revelou que depois que saiu da bolha bolsonarista suas mídias perderam força, mas que o boato mais comum é que os deputados utilizam as emendas em esquemas para criar perfis falsos, especialmente nesse momento. “Ainda tem gente ganhando muito dinheiro com isso”, admite.
Com medo de retaliação, tanto da esquerda quanto de bolsonaristas, a militante reconhece que usa a imprensa como um meio para conseguir alguma proteção e planeja se mudar para o México com o filho.
Fonte: em.com.br
Créditos: Polêmica paraíba