As escadarias da Catedral da Sé, cartão-postal do centro de São Paulo, foram palco de dois assassinatos a bala na tarde desta sexta-feira (4). Dezenas de pedestres presenciaram (alguns filmaram) os crimes, a apenas alguns metros de distância.
Segundo imagens da TV Bandeirantes e de vídeos feitos por testemunhas, um homem de 49 anos, armado com um revólver e, aparentemente, também com uma chave de fenda, mantinha uma mulher de 25 anos refém nas escadarias da igreja, no marco zero da capital paulista, quando Francisco Eramos Rodrigues de Lima, 61, interveio para resgatá-la.
Francisco Lima subiu as escadarias, pela lateral e sem ser notado, e se jogou contra o homem armado, Luiz Antonio da Silva, que havia imobilizado a mulher e a jogado ao chão.
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O veículo pegou fogo ao cair no solo. As duas pessoas que estavam a bordo não conseguiram escapar e morreram carbonizadas.
Após rápida luta corporal, Lima, tratado como herói pelos pedestres, foi baleado com ao menos dois tiros por Silva e caiu morto ao lado do portão principal da igreja, que estava fechado. A mulher, Elenilza Mariana de Oliveira Martins, conseguiu escapar, enquanto Silva recebeu uma série de tiros de policiais militares que faziam a ronda da região.
A polícia inicialmente disse que se tratava de uma tentativa de roubo. Mas, segundo funcionários da catedral, Silva e Elenilza pareciam se conhecer, já que passaram ao menos duas horas conversando em um banco no fundo da igreja, o que pode indicar um crime passional, por exemplo.
“Eles conversaram por horas, tranquilamente. Um segurança disse para prestarmos atenção, porque o rapaz tinha um volume estranho na blusa. Depois ele começou a se alterar. E saíram. Começou uma correria. Moradores de rua entraram e fecharam a porta [da igreja]”, disse um funcionário da loja da catedral que não quis se identificar.
Um grupo de cerca de 80 crianças que visita a igreja permaneceu dentro do local no momento do tiroteio.
‘DISCUSSÃO NA CATEDRAL’
“Eles [o homem e a refém] entraram, ficaram um tempo [na igreja]. Eles pareciam estar discutindo, mas discutindo baixo. A gente percebeu que ele estava insistindo muito. Ela queria sair. Ele pegava pelo braço. Passei para os meus companheiros, vamos ficar espertos. Depois eles saíram da igreja, e ele a agrediu”, disse João do Nascimento, segurança da catedral.
A cena nas escadarias atraiu dezenas de pedestres que estavam na praça e que se aproximaram da catedral. Alguns deles subiram alguns degraus e acompanharam bem de perto a troca de tiros.
A refém teve apenas ferimentos leves. Ela foi encaminhada para atendimento médico e liberada em seguida.
“Foi uma cena de terror. Os policiais viram o rapaz. Ele pegou a mulher e começou a dar coronhadas nela. O velhinho chegou por trás e tentou derrubar. Ai o bandido atirou nele umas três vezes. Os policiais começaram [a gritar] pra ele soltar a arma, ele não soltou. Os policiais começaram a atirar nele”, disse o morador de rua Cleiton Balbino, 22.
Folha de S. Paulo
