O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) indicou que será necessário uma articulação institucional, não limitada ao setor elétrico brasileiro, para garantir a segurança do suprimento de energia elétrica em 2021 com o agravamento da crise hídrica e o baixo nível de reservatórios das usinas hidrelétricas.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) não detalha as ações além das medidas tomadas pelo CMSE, de aumentar o uso da geração hidrelétrica, além dos limites técnicos dos reservatórios.
O governo decidiu flexibilizar as restrições hidráulicas nas usinas hidrelétricas de Jupiá, Porto Primavera, Ilha Solteira, Três Irmãos, Xingó, Furnas e Mascarenha de Moraes.
A iniciativa tem como objetivo garantir a preservação do uso da água nas bacias dos rios Grande e Paraná durante o período de seca deste ano, quando poderá ser liberada em momentos de necessidade por picos de potência.
“O CMSE registrou a importância da articulação institucional, não limitada ao setor elétrico brasileiro, para que as medidas em curso possam ser efetivas para o incremento da segurança no suprimento de energia elétrica no país ao longo de 2021”, diz a nota.
A crise se arrasta desde o ano passado.
O país enfrenta a pior crise hídrica em décadas
Desde o ano passado, é preciso explorar volumes adicionais de reservatórios das hidrelétricas de Furnas, Itaipu e de São Francisco para dar conta de suprir o consumo de energia, o que diminuiu o nível dos reservatórios.
O MME chegou a ser pressionado por Rodrigo Pacheco (DEM/MG), ainda em 2020, pela preservação de uma cota mínima no Lago de Furnas que pudesse garantir outros usos econômicos do rio.
O CMSE ressaltou que a falta de chuvas que permaneceu em maio deve continuar nos próximo meses, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste, com piores índices de chuva para o Sistema Interligado Nacional (SIN) em 91 anos de histórico do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
No início do mês, o ministro de Minas e Energia já tinha informado que pretendia acionar todas as usinas termelétricas para evitar apagões ou a necessidade de racionamento de energia.
“Desde o ano passado nós decidimos despachar as nossas usinas termelétricas fora do padrão normal, justamente para preservar os nossos reservatórios e aquilo que nós ainda temos de agua neles”, disse o ministro à época.
Governo emite alerta de emergência hídrica para cinco estados
Órgãos do governo emitiram nesta quinta (27) um alerta de emergência hídrica para cinco estados brasileiros no período de junho a setembro.
O Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) classificou como ‘severa’ a situação de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Paraná, com previsão de pouco volume de chuva para o período.
São justamente os estados da bacia do Rio Paraná, que abastece o reservatório de Itaipu Binacional, Furnas e pelo menos outras seis grandes usinas hidrelétricas.
É um sistema novo do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), criado para antecipar riscos meteorológicos.
Pela primeira foi emitido um Alerta de Emergência Hídrica em todos os mais de cem anos de serviços meteorológicos no país.
De acordo com nota técnica do órgão, a falta de chuvas está provavelmente relacionada ao La Niña, fenômeno climático que altera a temperatura da superfície do mar e reduz chuvas no Sul do Brasil, e também à Oscilação Antártica, que altera a pressão atmosférica na região e impede que sistemas de chuva se desloquem para regiões continentais da América do Sul.
Fonte: G1
Créditos: G1