A Prefeitura do Rio decidiu, nesta terça-feira (4), em reunião com representantes de nove blocos e três megablocos do Rio, suspender o carnaval de rua pelo segundo ano seguido, por conta da pandemia da covid-19. O evento estava previsto para ser realizado no final de fevereiro e no início de março deste ano. Especialistas ouvidos pelo MH abalizaram a decisão, diante do crescimento de contaminações na capital, além da proliferação do vírus da gripe.
Após o anúncio, o prefeito Eduardo Paes ressaltou que os desfiles das escolas de samba na Sapucaí estão mantidos. “Lá nós podemos estabelecer controles efetivos”, disse. Ele também sugeriu, aos blocos de rua, eventos no Parque Madureira, no Parque Olímpico e em outro local a ser definido Zona Oeste. Ambos aconteceriam em ambientes fechados, mas com controle sanitário. A princípio a proposta não foi bem aceita pelos representantes, que entendem que os blocos têm uma relação com seus bairros. Ao finalizar, Paes disse que aceita uma contraproposta.
De acordo com Rita Fernandes, presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua do Rio de Janeiro, a Sebastiana, o anúncio do cancelamento do evento foi feito pelo prefeito Eduardo Paes durante o encontro de hoje. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, também participou da reunião.
“Ele anunciou e a gente acata. Ele disse que pelos dados de hoje (da covid-19), não há condições de realizar o Carnaval. Nós vamos recuar. A gente não tem um bom cenário. Não é só por causa da nova variante, também tem a gripe da Influenza”, afirmou Rita.
Ao ser perguntada se o prefeito divulgou alguma outra data que possa ser realizado o Carnaval, a presidente da Sebastiana negou. “O evento sempre será realizado na sua data. Não tem Carnaval no meio do ano. Os blocos mesmo não querem fazer em um período diferente. Parece que o carioca também não gosta disso, e nem a gente tem vontade”.
Ainda segundo Rita, alguns blocos pensam em fazer eventos em outros lugares. “O mais provável é que a gente tenha festas fechadas de bailes, shows, gritos de Carnaval, e não mais os blocos de rua”.
O infectologista Renato Kfouri, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), com o aumento das taxas de transmissão do coronavírus, ressaltou que o correto “é restringir a socialização”, como foi feito no início da pandemia.
“Do mesmo jeito que a gente flexibilizou quando as taxas estavam baixas (abrimos estádios, bares, restaurantes etc), agora a gente tem que regredir. Como há muita gente contaminando muita gente, tem que frear o contágio, a convivência”, disse o especialista.
Ainda segundo Kfouri, neste momento de alta transmissão da covid-19, principalmente da nova variante Ômicron, não é prudente que tenha Carnaval na cidade. Ele citou também que é contra todo o tipo de evento que tenha muita gente, como por exemplo estádio de futebol, cruzeiros e baladas.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, também afirmou ser contra a realização da festa. “Nesse momento, sou totalmente contra. Devemos restringir a movimentação das pessoas, não estimulá-las a sair de casa”.
Desfiles da Sapucaí mantidos
Faltando 55 dias para os desfiles de Carnaval do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí, no Centro do Rio, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) ainda não definiu as datas dos ensaios técnicos das agremiações. Segundo a Liga, por causa das obras de melhoria na Avenida, o calendário ainda não foi fechado.
Nesta segunda-feira, a Marquês de Sapucaí estava com funcionários da prefeitura do Rio atuando no recapeamento da avenida. “Em breve a data será anunciada. Sobre os protocolos referentes da covid-19, a Liesa esclarece que seguirá todas as orientações dos órgãos competentes e protocolos vigentes”, disse a instituição, em nota.
Fonte: Meia Hora
Créditos: Meia Hora