A recente revelação de que as Forças Armadas aprovaram a compra de 35 mil comprimidos de Viagra, conhecido medicamento para disfunção erétil, chama a atenção para o fato de que pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) sofrem com a falta deste e outros medicamentos que podem ser usados para o tratamento da doença.
Os militares, inclusive, usaram a HAP como justificativa para a compra do Viagra (Citrato de Sildenafila). A desculpa, no entanto, é esfarrapada, visto que o produto adquirido é de 25mg e 50mg, diferente do que é indicado para a doença arterial.
Quem faz o alerta sobre a falta de medicamentos para pacientes de HAP é a presidente da Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas (ABRAF), Flávia Lima.
“A notícia de que as Forças Armadas aprovaram a compra de 35 mil comprimidos do medicamento Viagra repercutiu em toda a imprensa. O Ministério da Defesa informou que o medicamento, usado em casos de disfunção erétil, será usado no tratamento de militares com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). Enquanto isso, pessoas diagnosticadas com a doença enfrentam corriqueiramente falta de medicamentos no SUS. Precisamos falar sobre a hipertensão pulmonar, precisamos olhar para quem vive com a doença no Brasil”, diz em artigo publicado na última sexta-feira (22).
Segundo Flávia Lima, é preciso que os órgãos competentes investiguem a compra de Viagra feita pelas Forças Armadas. “O que nos interessa aqui é chamar a atenção para as pessoas que vivem com hipertensão pulmonar no Brasil. A falta de medicamentos para tratar a doença tem sido realidade em várias cidades do país. Em plena capital do Brasil, os pacientes estão totalmente desassistidos. Há desabastecimento de três medicamentos nas farmácias da Secretaria de Saúde do DF: sildenafila 20mg, bosentana e iloprosta. Além de viverem com uma doença tão grave e limitante, os pacientes ainda enfrentam cotidianamente o descaso do poder público. Com a falta de medicamentos, essas pessoas estão piorando progressivamente, e suas vidas estão em risco”, pontua.
Sintomas
A presidente da ABRAF explica que a Hipertensão Arterial Pulmonar é uma doença rara, grave e fatal, que acomete pessoas em idade produtiva, e principalmente, mulheres em idade reprodutiva.
“Os principais sintomas são falta de ar e cansaço aos esforços, como caminhar e subir escadas, distensão abdominal, desmaios, fadiga, edema de membros inferiores. A HAP, pois, por ser uma doença limitante, impacta muito a vida dos pacientes e dos familiares. Segundo estudo realizado pela ABRAF em 2019, 56% dos pacientes encontravam-se impossibilitados de integrar o mercado de trabalho. Dessa parcela, 35% se declararam aposentados por invalidez e 21%, afastados por doença. A HAP afeta o cotidiano da vida, que, para muitos pacientes, pode ser muito limitado, encontrando grandes dificuldades na realização de tarefas simples, como andar curtas distâncias, varrer a casa, vestir-se, pentear os cabelos, tomar banho”, diz.
“São muitos os desafios para que possamos oferecer um melhor cuidado a essas pessoas no SUS. Já são oito anos de espera pela atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de HAP, o documento do Ministério da Saúde que rege o tratamento da doença no SUS. O atual protocolo é de 2014, e foi publicado em não conformidade com as diretrizes internacionais para tratamento da doença. Ou seja, já nasceu defasado”, prossegue.
Fonte: REVISTA FÓRUM
Créditos: polêmica paraíba