Recluso, ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli deixa cargo na BA

O maior projeto do gestor é uma ponte de 12,2 km entre Salvador e a ilha de Itaparica, cruzando a baía de Todos os Santos

jose sergio petrobras

Considerado responsável por um dos maiores prejuízos da história da Petrobras e alvo de ação do Ministério Público por improbidade administrativa, o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli encerra nesta semana sua atuação como secretário de Planejamento da Bahia em silêncio.

O homem que comandou a empresa por mais de seis anos e chegou a ser cotado para ser o candidato do PT ao governo da Bahia está recluso desde abril, quando surgiram as primeiras denúncias de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena (EUA).

Ele tem evitado eventos públicos: foi um dos poucos secretários do governo Jaques Wagner (PT) que faltaram à diplomação do governador eleito, o também petista Rui Costa, duas semanas atrás.

Há aproximadamente dois meses, Gabrielli reuniu seus principais auxiliares e anunciou que não iria fazer parte do novo governo. Até agora, Rui Costa manteve seis dos atuais secretários estaduais.

A confirmação da saída do ex-presidente da Petrobras do secretariado da Bahia foi feita pelo próprio governador, em declaração nesta semana. “Ele não quer. É o momento de cuidar dos projetos da vida dele”, afirmou Costa.

Em privado, aliados do governador eleito dizem que a permanência de Gabrielli poderia contaminar o novo governo com o noticiário negativo associado às investigações sobre o esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato.

Segundo aliados, os planos do ex-presidente da Petrobras para 2015 são modestos: vai tirar dois meses para descansar e depois irá se debruçar com advogados sobre a sua defesa. Gabrielli também pretende pedir aposentadoria da UFBA (Universidade Federal da Bahia), onde era professor de economia antes de ser indicado presidente da Petrobras, no início do governo do ex-presidente Lula, em 2003.

É dado como certo que ele continuará conselheiro da petrolífera portuguesa Galp e da Itaúsa, conglomerado que é o principal acionista do banco Itaú. O ex-presidente da Petrobras acumulou essas funções com as de secretário da Bahia nos últimos anos.

Pela participação nos dois conselhos, Gabrielli recebe R$ 960 mil por ano em jetons.

PONTE

O principal projeto lançado por Gabrielli nos três anos em que esteve na secretaria de Planejamento não deve sair do papel tão cedo: uma ponte de 12,2 km entre Salvador e a ilha de Itaparica, cruzando a baía de Todos os Santos.

Orçada em R$ 7 bilhões, a ponte seria a segunda maior do Brasil, atrás apenas da Rio-Niterói. O projeto foi apresentado ao governo e desenvolvido pelas construtoras Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa, todas investigadas pela Operação Lava Jato agora.

O governador eleito admite que a crise provocada pelas investigações pode prejudicar o cronograma da obra. Segundo Costa, uma apresentação do projeto foi enviada à presidente Dilma Rousseff. A viabilidade da nova ponte dependerá da aplicação de recursos federais e privados.

A expectativa de Gabrielli era licitar a obra no final deste ano, o que acabou não ocorrendo. Dirigentes da Secretaria Estadual de Planejamento admitem que não existe clima para tocar um projeto deste porte no momento.

O ex-presidente da Petrobras foi procurado pela Folha, mas sua assessoria informou que ele não daria entrevista.

Uol