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Realizado desde 1793, Círio de Nazaré vai ser afetado por uma pandemia pela 2ª vez

O G1 fez uma lista com os momentos marcantes de mais de 200 anos da festa religiosa. Calendário oficial começa nesta sexta (9) de forma virtual

Realizado desde 1793, Círio de Nazaré vai ser afetado por uma pandemia pela 2ª vez

A edição de 2020 do Círio de Nazaré não terá procissões por causa da pandemia da Covid-19 e a programação, que começa nesta sexta-feira (9), será virtual. Você sabia que a festividade, marcada pela devoção a Nossa Senhora de Nazaré, já sofreu com alteração por causa de outra pandemia, em 1918?

Para você conhecer melhor essa e outras histórias que marcam mais de 200 anos dessa festa tradicional do Pará, o G1 elaborou uma linha do tempo com curiosidades e momentos históricos – como as procissões que ocorreram em datas diferentes da habitual.

O levantamento foi realizado com base em documento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A primeira procissão

O início de tudo ocorreu em uma data bem diferente da habitual, no dia 8 de setembro de 1793. Na ocasião, a imagem de Nossa Senhora saiu do Palácio do Lauro Sodré, na Cidade Velha, até uma capela, onde hoje fica a Basílica Santuário.

A primeira procissão de Belém teve origem com uma promessa. Na época, o então governador do Pará, Francisco de Souza Coutinho, estava doente e fez uma promessa para Nossa Senhora. Caso ele se curasse, iria realizar uma procissão em homenagem a santa.
Após o final da doença, ele trouxe a imagem da capela para a sede do Governo do Pará, que ficava no Palácio Lauro Sodré. De lá, saiu em procissão para a capela que ficava no bairro de Nazaré.
Inicialmente, a festa religiosa não tinha uma data fixa para acontecer, mas, a partir de 1901, o bispo Dom Francisco do Rego Maia determinou que a romaria fosse realizada sempre no segundo domingo de outubro.
Círio de manhã e partindo da Sé

O Círio de Nazaré também ocorria em horário diferente no início da procissão. Apenas em 1854 o Círio passou a ser realizado de manhã, como ocorre hoje. A decisão foi tomada para evitar as chuvas que são mais comuns no período da tarde. A partir de 1882, o bispo Dom Macedo Costa, de comum acordo com o presidente da Província, Dr. Justino Ferreira Carneiro, resolveu que o ponto de partida seria a Catedral de Belém, como acontece até hoje.

O Círio tem vários símbolos que marcam as diversas sequências do trajeto. Os principais são: a corda e a berlinda.
Nos primeiros anos de procissão, a imagem da santa era conduzida no colo dos bispos, sendo mais tarde introduzida a berlinda, que abrigava a imagem, que era transportada num carro puxado por juntas de bois.
Porém, em alguns anos, quando o Círio percorria a área do mercado Ver-o-Peso, havia dificuldade para o carro passar por causa da água que transbordava da baía. As ruas não eram pavimentadas, então a região ficava enlameada. Por conta disso surgiu a ideia, em 1855, de passar uma grande corda em volta da berlinda, para que o povo pudesse ajudar a puxá-la.
Somente 13 anos depois a corda foi oficializada pela diretoria da Irmandade de Nazaré.
Início da Basílica

Antes da existência da Basílica Santuário, o local que hospedava a imagem de nossa Senhora de Nazaré era uma pequena ermida, uma espécie de capela. Após o primeiro Círio, o governador Francisco de Souza, já devoto de Nossa Senhora, iniciou a construção de uma nova estrutura, em 1799. Já em 1920, a Basílica, como conhecemos hoje, é inaugurada.
Ano sem procissões

Assim como este ano, em 1835 não houve procissões durante as festividades do Círio de Nazaré. Por conta da revolução cabana, manifestantes tomam o arraial de Nazaré e a cidade de Belém, impossibilitando que a procissão fosse realizada. Até então, este era o único sem procissões desde o início das festividades da quadra nazarena.
Outra pandemia já alterou o Círio

Não foi só a Covid-19 que mudou as programações da quadra Nazarena. Em 1918, a pandemia de Gripe Espanhola fez com que a diretoria da festa adiasse a conclusão dos festejos nazarenos. Naquele ano, o Círio ocorreu no último domingo de outubro.
A corda em “U”

Devido ao aumento do número de fiéis que acompanhavam a procissão na corda, em 1922 a diretoria da festa decidiu fazer uma separação. A corda que puxaria a berlinda seria em formato de “U”, e passaria ao redor da estrutura. De um lado da corda, ficariam mulheres, e de outro, homens. A mudança durou por quase um século, até a corda única voltar a ser utilizada, em 2005.
Imagem peregrina ganha as ruas

Em 1966, pela primeira vez é utilizada na procissão a imagem peregrina, cópia da imagem original encontrada por Plácido. Na ocasião, a diretoria da festa optou por levar uma réplica às ruas da cidade para não danificar a estrutura da imagem original que possuía quase 200 anos. A imagem peregrina foi encomendada pelo vigário Miguel Giambelli ao escultor italiano Giacommo Mussner.
Círio ganha as telinhas

As emoções do Círio de Nazaré começaram a ser transmitidas aqui na TV Liberal em 1976. Essa foi uma das primeiras grandes transmissões da emissora. Na época, a TV exibiu ao vivo as imagens da procissão que passava na porta do prédio da emissora, que fica na avenida Nazaré, no centro de Belém. Em 1997, a TV Liberal também foi pioneira, transmitindo as imagens do evento ao vivo, via internet, para todo o mundo.
Círio também é festa

Ainda na década de 70, mais precisamente em 1978, ocorre a realização da Festa da Chiquita. O festejo ocorre na Praça da República, logo após a realização da Transladação, e representa o lado profano da festividade.
Círio também é esporte

Em 1983 ocorre a realização da primeira Corrida do Círio. Hoje a competição é realizada pelo Grupo Liberal e é a maior corrida de rua do norte do país.
Círio ganha novas procissões

Em 1986 é realizada a primeira romaria fluvial, por iniciativa da Companhia Paraense de Turismo (Paratur). Três anos depois, em 1989, ocorre a criação da romaria rodoviária. Em em 1990, é a vez das crianças ganharem uma procissão especial. No mesmo ano, é criada a romaria dos motoqueiros.
Círio milionário

Em 1991, pela primeira vez o Círio de Nazaré atinge a marca de 1 milhão de pessoas, de acordo com a Diretoria da Festa de Nazaré
Círio 200

Em 1992, a arquidiocese de Belém organizou diversas atrações para a procissão do Círio. Naquele ano, a procissão comemorava 200 anos de existência. Pela primeira vez, a berlinda foi a frente da corda. Além disso, a imagem peregrina, confeccionada para sair em procissão nas ruas, deu lugar à imagem original que, segundo a lenda, foi encontrada pelo caboclo Plácido no século 18. Essa foi a última vez que a imagens secular foi para as ruas de Belém durante a procissão.
Procissão mais demorada

Em 2000, realizou-se o Círio mais demorado de todos os tempos. A imagem da Virgem de Nazaré chegou à basílica às 15h45, após mais de 9 horas de procissão. A corda ficou atrelada à berlinda o tempo todo, tanto na trasladação como no Círio.
Procissão mais rápida

Já o Círio mais rápido ocorreu ano passado, em 2019. Na ocasião, houve uma mudança no horário de início da procissão, que terminou às 11h30, com 4h30 de duração.

Fonte: G1
Créditos: G1