tragédia

'Querem me prender, me prendam, estou cansado', diz sócio da Kiss

O sócio da boate Kiss Elissandro Spohr, o primeiro dos réus a ser interrogado pelo tribunal do júri, chorou em seu depoimento nesta quarta-feira (8) e afirmou que pensou em se suicidar após a tragédia que tirou a vida de 242 pessoas, em 2013. Ele disse estar "cansado": “Querem me prender, me prendam. Eu estou cansado”, disse.

Elissandro Spohr, sócio da boate Kiss em 2013 e réu em julgamento
REPRODUÇÃO/ YOUTUBE TJRS 08.12.2021
Elissandro Spohr, sócio da boate Kiss em 2013 e réu em julgamento REPRODUÇÃO/ YOUTUBE TJRS 08.12.2021
Elissandro Spohr, sócio da boate Kiss em 2013 e réu em julgamento
REPRODUÇÃO/ YOUTUBE TJRS 08.12.2021

O sócio da boate Kiss Elissandro Spohr, o primeiro dos réus a ser interrogado pelo tribunal do júri, chorou em seu depoimento nesta quarta-feira (8) e afirmou que pensou em se suicidar após a tragédia que tirou a vida de 242 pessoas, em 2013. Ele disse estar “cansado”: “Querem me prender, me prendam. Eu estou cansado”, disse.

Após contar como passou de músico para empresário que administrava a boate, ele se emocionou ao contar como foi o dia da tragédia. Ele relatou que estava do lado de fora da boate quando um funcionário correu para avisar sobre o fogo, que tentou entrar e que já havia uma multidão correndo para fora. “Eu não sabia o que fazer. Eu disse pra alguém ‘me leva pra delegacia’ eu disse: tá pegando fogo na boate, tá morrendo gente: eu não sei o que fazer. Ela me perguntou: ‘os bombeiros estão lá’ e eu disse: ‘estão’”.

Ele contou que vomitou quando foi informado de que havia 30 mortos no incêndio, e que o sofrimento aumentou conforme os números foram sendo atualizados. Nos dias seguintes,  recebeu de amigos mensagens sugerindo que se suicidasse e pensou em fazê-lo, segundo seu relato.

A primeira vez que Kiko chorou em seu depoimento foi ao falar do sucesso que a boate alcançou. “Quando se fala de Kiss, se lembra da parte ruim, e às vezes quando o cara lembra da boa também causa uma coisa porque também teve uma parte boa”, disse ele ao lembrar das ideias que teve para a casa noturna. Relatou que o sucesso começou quando ele criou um evento às quintas-feiras chamado “Quinta Absoluta”. “Foi tudo perfeito. A Kiss começou a ter um sucesso.”

Ele começou seu depoimento pouco após às 18h, falando sobre duas origens. “Sou natural de Santa Rosa, morei em outras cidades como Chapecó, Santa Rosa. Voltei para Santa Maria, seguia trabalhando com transporte e pneu, tocava, eu era músico e no meio do caminho, vim a ser proprietário da boate Kiss.”

Problemas na Kiss

Spohr relata como a boate instalou uma espuma de isolamento acústico que, na noite da tragédia, ajudou a propagar o fogo.

Ele contou que uma vizinha reclamava de forma persistente sobre o barulho. “Tentei de tudo para resolver, cheguei a oferecer para ele que ela ficasse em um apartamento e pagaria um outro apartamento só para não ter um incomodo para ela.”

Spoht contou que recorreu ao engenheiro Samir Samara para conversar sobre o isolamento acústico e recordou que foi chamado ao Ministério Público. “Levei o Samir comigo lá. Samir disse que estava cheio de trabalho e que me indicaria um engenheiro [Miguel Angelo Pedroso]. A gente não botou espuma em toda a boate por conta do Pedroso. Ele disse ‘eu não trabalho com espuma’ Samir dizia que tinha que fazer um tratamento acústico e ele me deu uma opção de fazer com tijolo na época.”

Spohr disse que Pedroso recomendou que ele fizesse uma parede de pedra. “Ele me deu umas explicações ótimas e eu comprei a ideia e disse ‘é isso’. Eu fiz uma parede de pedra, rosa, de ponta a ponta.” Segundo Spohr, o projeto foi feito por Pedroso. “Ele foi o engenheiro que ia lá acompanhar a obra.” O plano inicial de colocar espuma em toda a obra acabou alterado para instalar apenas sobre o palco.

Banda e pirotecnia

Questionado se a banda teria informado sobre os artefatos pirotécnicos, Spohr disse que não se lembra de ter sido pedido autorização. “Eu não me lembro disso. Eu teria pelo menos analisado. Eu acho que eu não deixaria. Eu não deixaria. Sem a minha autorização. Acredito que eles achavam que esse treco não pegava fogo.”

Segundo Spohr, a banda Gurizada Fandangueira já havia tocado na Kiss antes da noite da tragédia algumas vezes. “É possível que nesse palco novo tenha sido a primeira vez. É possível que com as espumas ali tenha sido a primeira vez. Talvez essa vez do dia tenha sido a segunda vez que eles tenham tocado nesse palco.”

Fonte: r7
Créditos: Polêmica Paraíba