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PT e PSB se reúnem e buscam avanço em federação; candidaturas em cinco estados representam impasses

Após a troca de hostilidades no início do ano, as direções de PT e PSB vão se reunir nesta quinta-feira, pela primeira vez no ano, para discutir a possibilidade de formar uma federação e, consequentemente, tirar do papel a frente ampla de esquerda.

Após a troca de hostilidades no início do ano, as direções de PT e PSB vão se reunir nesta quinta-feira, pela primeira vez no ano, para discutir a possibilidade de formar uma federação e, consequentemente, tirar do papel a frente ampla de esquerda.

Segundo as palavras de interlocutores das duas siglas, os dirigentes Gleisi Hoffmann (PT) e Carlos Siqueira (PSB) vão se encontrar para discutir os principais pontos do “acordo pré-nupcial” – leia-se o apoio estadual a candidatos do PSB em troca do endosso à campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, há em questão as candidaturas municipais em 2024. A nova lei eleitoral obriga os partidos “federados” a lançarem chapas conjuntas e a atuarem juntos no Congresso por um período de quatro anos.

– É isso que vai garantir um bom casamento no futuro. Não vai ser uma discussão simples – disse o deputado Tadeu Alencar (PSB-PE), que passou a ser cotado, ao lado do colega de bancada Danilo Cabral (PSB-PE),  como um dos possíveis candidatos do PSB ao governo de Pernambuco.

Apesar de terem muitos detalhes a tratar – só de eleições municipais são mais de 1.000 candidaturas –, o PT e o PSB definiram o fim de fevereiro como prazo limite para definir a federação.

Os dirigentes dos dois lados passaram os últimos dias se munindo de pesquisas eleitorais e dados locais para exibir no encontro as armas que têm à disposição para a negociação.

O PT pretende desistir das pré-candidaturas que passou a aventar em Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Espírito Santo em troca da exigência do apoio à candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad, em São Paulo. Lá, ele aparece à frente do ex-governador Márcio França (PSB) nas pesquisas de intenção de voto – França vem reafirmando a disposição de ser candidato. A direção petista tem tentado convencê-lo a disputar o Senado, mas ele permanece irredutível.

Lula faz aceno

Do lado do PSB, os dirigentes devem lembrar que o apoio a Lula ainda não está fechado e que nada os impede de apoiar a candidatura de Ciro Gomes –  em 2020, o PSB e o PDT fizeram dobradinha em quatro capitais do Nordeste. Para um integrante do PT, a estratégia do PSB é “criar dificuldades agora para ter como moeda de troca depois”.

Dirigentes do PSB também têm reiterado que a candidatura de França é sólida. Ao mesmo tempo, não conseguiram ainda o principal trunfo da aliança com o PT – a filiação do ex-governador Geraldo Alckmin, que disputaria como vice na chapa de Lula e ainda não decidiu para qual partido vai.

Nos bastidores, o clima não é amistoso entre os dois dirigentes. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tem uma rixa antiga com o presidente do PSB, Carlos Siqueira. Desde a época do impeachment da Dilma e do auge da Lava-Jato, ela não o considera confiável por não ter sido contundente na defesa dos dois ex-presidentes.

Quando quer falar com o PSB, Lula fala diretamente com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, a quem considera mais moderado e afeito ao diálogo. Devido à troca de farpas, Siqueira passou as últimas semanas afastado das negociações políticas para não melar o acordo. Quem esfriou as hostilidades foi o governador de Pernambuco, que passou a declarar que impasses regionais não impediriam o apoio a Lula à Presidência.

O ex-presidente respondeu aos afagos em coletiva nesta quarta-feira, na qual já descartou a candidatura do senador petista Humberto Costa em favor do sucessor de Câmara. Ele, no entanto, foi enfático ao dizer que o  PT “nunca esteve tão perto de ganhar” a eleição em São Paulo.

Fonte: O Globo
Créditos: Polêmica Paraíba