BRASÍLIA — Líderes do PT e PCdoB ainda não se manifestaram sobre a prisão do italiano Cesare Battisti em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, no fim da tarde deste sábado. O presidente Jair Bolsonaro e seus filhos comemoraram a prisão em suas redes sociais, assim como deputados do PSL.
Battisti foi condenado à prisão perpétua em 1987 por ter participado, no fim dos anos 1970, de quatro homicídios atribuídos ao grupo italiano de esquerda “Proletários Armados pelo Comunismo”, considerado praticante de atos terroristas pelo governo da Itália.
Os advogados do ativista italiano alegam que o julgamento teve motivações políticas, reclamam que não puderam fazer a defesa, já que ele foi julgado à revelia, e contestam o rigor da pena. Ele recebeu asilo no Brasil em 2009, apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido que os crimes que levaram à sua condenação não foram políticos.
Procurada, a assessoria da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que ela não iria comentar a prisão no momento. Líderes do PCdoB também não responderam. O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, publicou em sua rede social que acredita na inocência de Battisti.
“Conheci Cesare Battisti e li muito sobre o processo que levou à sua condenação. Acredito que 99% das pessoas que o atacam o fazem porque desconhecem os detalhes do processo ou porque odeiam ativistas de esquerda. Creio na inocência de Cesare. Espero que a Bolívia não o extradite”, disse.
Depois, completou: “A decisão do governo da Bolívia de extraditar Cesare Battisti é a decisão de um Estado soberano e deve ser respeitada. Mas não deixa de colaborar com a perpetuação de uma injustiça. Triste a covardia de Evo Morales nesse episódio.”
O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse ao GLOBO que a prisão do italiano é “lamentável”.
— Acho lamentável, uma vez que o Brasil havia concedido asilo político a Battisti. O Brasil já concedeu asilo político a lideranças de esquerda e de direita. Um do casos foi o do senador Roger Pinto Molina, que fazia oposição a Evo Morales. É deplorável um governo usar atos de soberania como bandeira ideológica — disse.
Pinto conseguiu asilo político do governo brasileiro em 2013, alegando perseguições políticas por parte do governo do presidente Evo Morales.
Fonte: O GLOBO
Créditos: O GLOBO