A bancada do Psol protocolou ontem (31) requerimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das fake news solicitando a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Leandro Cavalieri, homem que ameaçou o youtuber Felipe Neto. O pedido abrange o período de 1º de janeiro de 2018 a 31 de julho de 2020.
Nos últimos dias, Felipe Neto foi alvo de postagens falsas que o acusam de incentivar a pedofilia e de ataques ao comprar e distribuir 14 mil exemplares de livros com temática LGBT+ na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em setembro do ano passado. O próprio influenciador já atestou a falsidade das informações e se defendeu das ameaças recebidas.
“Virem atrás de mim, dentro da minha casa, é um nível de perseguição que eu não imaginei que aconteceria. É o tipo de coisa que você vê em filme, vê em série, mas nunca imagina que realmente aconteça”, disse ele ao Jornal Nacional na última quinta-feira (30).
O Psol alega que os ataques são orquestrados pelo chamado “Gabinete do Ódio”, estrutura digital montada no Palácio do Planalto a fim de disparar ataques contra opositores do governo. “O modus operandi utilizado pelo “gabinete do ódio” levanta séria suspeita de que o caso tratado em tela tenha sido mais uma peça produzida e disseminada sob os comandos da organização desta criminosa conhecida”, diz o pedido assinado pelos deputados federais do partido.
“A quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do Sr. Cavalieri é absolutamente necessária para que se desvele a verdade dos fatos. É preciso saber quem financia e quem se beneficia desse esquema criminoso.”
CPIs têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Ao final das investigações, os resultados das apurações são encaminhados ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. No entanto, os trabalhos da CPMI das fake news estão suspensos em função da pandemia e da interrupção dos trabalhos presenciais. Parlamentares pressionam pelo retorno das atividades do colegiado, mas até o momento não houve decisão.
Em outra frente, o Psol solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que Cavalieri seja investigado no âmbito do inquérito das fake news, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes. Cavalieri participou do ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de 13 de junho, com lançamento de fogos de artifício contra a sede da Corte, em Brasília.
Quem é Cavalieri
Leandro Cavalieri, ou Cavalieri de Otoni, se apresenta como “guerreiro de Bolsonaro” e assessor do deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), aliado do presidente Jair Bolsonaro. Apesar de Cavalieri se apresentar como assessor do deputado, o congressista negou que o homem faça parte de sua equipe, “nem em Brasília e nem Rio de Janeiro”.
Segundo Otoni, Cavalieri jamais o assessorou. “A relação que tenho com ele é uma relação política, como eu tenho com muitas pessoas que vêm até mim querendo meu apoio político”, afirmou Otoni para o Congresso em Foco em junho. Cavalieri não consta no quadro de pessoal de gabinete do deputado em 2020, mas ele aparece em imagens nas redes sociais com o deputado no Plenário da Câmara. Também tem fotos com dois filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Fonte: Congresso em Foco
Créditos: Polêmica Paraíba