operação deflagrada

Professor que desviou verba de pesquisa já havia sido investigado pela UnB em 2020

A Universidade de Brasília (UnB) informou, nessa quarta-feira (22/9), que já havia criado, no ano passado, Comissão de Sindicância Investigativa para apurar supostas irregularidades no projeto coordenado pelo professor Paulo Henrique de Souza Bermejo, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas (FACE/UnB). A instituição, no entanto, diz não ter sido comunicada oficialmente da Operação Klopês, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na terça (21/9).

A Universidade de Brasília (UnB) informou, nessa quarta-feira (22/9), que já havia criado, no ano passado, Comissão de Sindicância Investigativa para apurar supostas irregularidades no projeto coordenado pelo professor Paulo Henrique de Souza Bermejo, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas (FACE/UnB). A instituição, no entanto, diz não ter sido comunicada oficialmente da Operação Klopês, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na terça (21/9).

Conforme nota enviada ao Metrópoles, a UnB disse ter tomado conhecimento de uma apuração que vinha sendo feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e que passou a apurar o caso, “com direito à ampla defesa e ao contraditório”.

Em maio de 2020, a comissão criada internamente concluiu o trabalho. Ficou definido que a UnB deveria aguardar a manifestação formal do Ministério da Economia (antigo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) sobre “o teor dos produtos técnicos-científicos e as contas do projeto”, além de aguardar também o TCU se posicionar “quanto ao mérito da denúncia”.

Dessa forma, a universidade afirma ter solicitado ao tribunal, no dia 10/8/2020, dados “a fim de apurar possíveis responsabilidades e ter conhecimento do teor da denúncia, com o intuito de obter informações acerca do andamento do procedimento apuratório, não tendo recebido resposta”.

Sem ter sido notificada a respeito da operação ocorrida, a UnB pediu novamente que o TCU informasse o teor da denúncia e o estágio da apuração e enviou, ainda, ofício à Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) e à Controladoria-Geral da União (CGU), com pedidos de esclarecimentos sobre a vinculação dos projetos à Universidade de Brasília.

A instituição espera resposta para que “possa tomar as medidas administrativas cabíveis, dentro dos preceitos legais”.

Dinheiro desviado pagava aluguel de mansão de luxo

Paulo Bermejo é apontado pela Polícia Federal como o responsável pelo aluguel de uma mansão no Lago Sul supostamente financiado com dinheiro que deveria ser destinado à pesquisa. Conforme as apurações, o docente da UnB teria decorado o imóvel usando verbas destinadas para pesquisa em tecnologia. Ao todo, o inquilino teria desembolsado R$ 65 mil em persianas e blindex; R$ 19 mil na Apple Store e R$ 15 mil no iPlace. De acordo com anúncio de aluguel na internet, a mansão tem 950 m², sete quartos e seis vagas na garagem, três andares e elevador.

A PF cumpriu 11 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em Minas Gerais, e de sequestro de bens e valores na ordem de R$ 2 milhões, expedidos pela 10ª Vara Criminal Federal do DF. Um desses lugares foi a casa do educador, localizada na Avenida das Paineiras, no Jardim Botânico. O esquema que teria financiado o aluguel da casa de alto padrão aconteceu de abril de 2018 a janeiro de 2020.

A residência de luxo foi moradia do senador Romário, de 2012 a 2016, antes de ser usada no suposto esquema. O político e ex-jogador pagava R$ 26 mil mensais de aluguel. Depois, a propriedade ficou desocupada por pelo menos dois anos. Atualmente, o local é ocupado por um escritório de advocacia que não tem qualquer relação com a investigação.

Além de pagarem o aluguel do imóvel de luxo em Brasília supostamente com os recursos da entidade, os alvos da operação utilizavam diárias para bancar viagens não relacionadas ao objeto dos programas da fundação. Também transferiam valores das pesquisas para a conta pessoal do coordenador de um dos projetos e realizavam pagamentos em duplicidade a bolsistas beneficiados.

O que dizem a Finatec

O Metrópoles procurou o professor pelo e-mail profissional do docente para que ele comentasse as acusações, mas até a última atualização desta reportagem não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações futuras.

A Finatec se pronunciou por meio da nota, publicada no site da fundação. Veja:

“Na data de hoje, 21 de setembro de 2021, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão de documentos relativos aos projetos 6422 e 6426. A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos – Finatec, na condição de fundação de apoio de IFES e ICTs, esclarece que atua na gestão administrativa e financeira dos projetos de pesquisa, ensino e extensão de suas apoiadas, cabendo a estas o acompanhamento técnico, científico e acadêmico dos seus projetos. A Finatec mantém compromisso com a ética e integridade, tendo implementado o programa de governança corporativa e compliance procurando mitigar riscos de atuação e, principalmente, cumprir a legislação vigente. A Finatec, além de previamente já disponibilizar os dados em seu portal da transferência, franqueou acesso irrestrito à documentação solicitada e esclarece que, em toda a sua atuação, cumpre a legislação, assim como está a disposição das autoridades.“

 

Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba