Por que a polícia tem que seguir matando impunemente? Por que policiais (pais de família, ou não) tem de continuar morrendo? Até quando? Eu vou aqui ter de lembrar o óbvio! A Polícia existe para garantir a segurança e a integridade física do cidadão! E se é assim, então por que a polícia continua matando cidadãos e em sua maioria, pessoas totalmente indefesas? De acordo com as manchetes na TV, jornais e redes sociais, são em sua maioria, crianças, negros e moradores das periferias! Os “erros”, os graves equívocos para os assassinatos e os sucessivos pedidos de desculpas, são sempre um salvo-condutos para que as mortes equivocadas continuem ocorrendo! Eu cresci ouvindo os meus pais dizerem para confiarmos na polícia! É ela que tem o dever de nos proteger em qualquer circunstância. Mas, então, porque se morre de medo dela? Não deveria ser assim. Aliás, não é para ser assim!
No entanto, há de se fazer uma ressalva. Não pode ser a polícia a instituição que sempre mata. Na verdade, são os homens que estão por trás dela, revestidos de um poder que parece descomunal! É o cidadão comum – geralmente saído de uma comunidade pobre – que se transforma no exato momento em que enverga o temido fardamento! Mas, para que não pareça que estou afirmando que seriam pobres matando pobres, a questão, ainda, pode estar ligada a índole de cada indivíduo. O mal policial em questão pode surgir de qualquer nível social! É, também, uma questão de natureza humana! O uniforme passa, assim, a parecer uma verdadeira armadura que transforma e que parece garantir, de certa forma, surperpoderes a quem os anseia – para o bem ou para o mal!
Com certeza a instituição não foi criada para esconder ou acobertar desejos particulares reprimidos de quem quer que seja. O cidadão comum – sempre a maior vítima nessa briga de egos – se sente cada vez mais imprensado entre a bandidagem, cada vez mais organizada e multiplicada em subdivisões com representações de classes (na formação de sindicatos de “trabalhadores”, de operadores financeiros, contadores…) Advogados formados com o único objetivo de defender criminosos, juízes forjados para conceder habeas-corpos e a serviço de milícias, ladrões de carteiras, profissionais impiedosos que assaltam e matam a mão armada! Do outro lado, uma polícia formada para combater o crime e dar a devida segurança à população, mas que, também, é uma polícia formada por seres humanos que tem medo e que acaba impondo o medo, que toca o terror, com bons profissionais, homens de boa índole, mas que, pelo que acredito, raramente saem ás ruas. Diante do quadro apresentado, a triste conclusão: A polícia que mata, ou é despreparada na formação das tropas ou está formada por homens que não estão nem um pouco interessados de saber se o alvo a sua frente é bandido ou cidadão! Atira primeiro, pergunta depois se era gente de bem! E se errou na avaliação, o que é que tem?
É inegável que dentro da corporação existe cidadãos de bem! Muitos pais de família, devotados a defender a pátria e ao cidadão comum. Uma instituição forjada nos preceitos do bem comum, treinada para proteger a população. Comandantes prontos a cumprir o que determina a Constituição. Nesse ponto podemos, até, sonhar com uma mudança de cenário, onde a preocupação com o ser humano seja a prioridade e que a corporação invista melhor nas escolhas, adote mais rigor em suas seleções e que, por fim, haja uma verdadeira separação do joio do trigo. E assim, a população apavorada agradecerá!
Mas enquanto a era da tranquilidade não chega, as estatísticas continuam nos decepcionando! O que pode estar errado para que a população não tenha um sistema de segurança que possa lhe trazer mais confiança e tranquilidade? Não quero aqui ser convocado para dar esclarecimentos (se por acaso alguém achar que estou falando mal da instituição Polícia). Estou apenas questionando comportamentos de homens que saem as ruas cheios de problemas, talvez, não tão bem remunerados (não sei), estamos aqui questionando o que pode haver de errado na formação de profissionais que se destinaram a estabelecer a ordem e a segurança da população? Como a corporação, sempre tão respeitada, pode admitir que seus membros – pelo menos a maioria dos que saem as ruas para o patrulhamento ou já para a captura de bandidos – podem matar mais cidadãos, que bandidos? Tem que haver algo muito errado aí! E a instituição deve, sim, todas as explicações necessárias a população. Com certeza essa polícia não sai para patrulhar com a determinação de matar cidadãos, de preferência criancinhas, negros, pobres… Esses policiais não recebem essas determinações. Então o que pode estar errado nessas estatísticas?
No entanto há de se levar em conta que, nessa luta entre polícia e bandido, existe uma real desigualdade. De um lado policiais que vão à caça de criminosos com armas enferrujadas e uma quantidade reduzida de balas quase sempre velhas e de efeitos duvidosos. Nessa guerra o crime organizado está infinitamente melhor preparado – com armas de grosso calibre e novas, assim com suas munições. Falta investimento governamental na nossa segurança, é bem verdade. No entanto, o que não se entende é como as armas e as balas defeituosas das nossas policias acabam sempre fazendo vítimas inocentes!
A verdade é que não podemos mais aceitar apenas um pedido de desculpas das autoridades, pelo assassinato, de uma pessoa, um pai de família vindo ou indo para o trabalho, uma criança que queria apenas exercer o seu livre direito de ser criança ou de uma dona de casa já bastante apavorada para não ser a próxima a encontrar uma “bala perdida”. A população não suporta mais perder filhos, pais, mães, esposas e maridos, como se tudo fosse apenas parte de uma mera fatalidade! Morreu, fazer o que? Ossos do ofício! Não é assim que tem de ser, mas é assim que tem funcionado! O fato é que as pessoas estão morrendo! E, não. Não estou esquecendo aqui, que policiais também estão perdendo suas vidas e que, também deixam esposas e filhos no que já se transformou numa verdadeira e brutal guerra urbana. É preciso considerar que policiais estão perdendo a vida nessa guerra, mas não podemos colocar isso na conta de civis inocentes! Não podemos colocar essas significativas perdas na conta de Emily Vitória dos Santos, de 4 anos e a prima Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos, de 7 anos! Qual a culpa dessas criaturinhas por tantas mortes de um lado e do outro?
As crianças foram baleadas e morreram na sexta-feira (4), em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. As duas primas foram enterradas juntas. De acordo com moradores, a Polícia Militar estava atrás de homens em uma motocicleta e deram voz de parada. Os motociclistas teriam seguido, e os policiais atiraram. Os disparos acertaram as duas crianças. A versão da PM é que “não houve disparos por parte dos policiais militares”. Segundo depoimento da família as crianças estavam brincando na rua sim, ela saiu na rua assim na hora, e foi baleada. Não foi [troca de tiros]. Ela tava brincando no canto na calçada, sei lá porque cargas d’água ele resolveu atirar na direção de 4 crianças pequenas. E alvejar as duas. Disse a avó de Rebeca. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense foi acionada e irá investigar o caso.
“A violência letal das polícias brasileiras é reconhecida como problema estrutural no país, especialmente quando se trata das populações negra e pobre, moradoras em favelas e bairros periféricos”. Segundo dados da Ong Justiça Global. De acordo com matéria publicada na Folha, ontem, “Familiares e vizinhos das duas meninas mortas a tiros em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, se reuniram neste domingo dia (06) em protesto no centro da cidade, no qual reforçaram acusações de os disparos foram efetuados por policiais. O ato reuniu também lideranças comunitárias do movimento negro, que lembraram estatísticas da violência contra a população negra no país. “Chega de matar nossas crianças, chega de matar inocente, chega de matar trabalhadores”! Pediu Lídia da Silva Moreira Santos. Avó de Rebeca.
Todos os dias homens e mulheres saem as ruas do Brasil para prender ou matar bandidos, se esconder ou matar policiais, sair para o trabalho para manter os filhos e, nesse caso, sempre na incerteza de que voltará a noite para casa com vida ou se vai encontrar os filhos bem guardados em casa! É um problema estrutural sim senhor! Falta vontade política para se resolver o problema. Os governos dizem querer resolver o problema da saúde (um caos), mas esquecem que, antes de levar o dinheiro público para os próprios bolsos, é preciso resolver a questão das mortes banalizadas, dos acidentes provocados pela falta de punições mais severas, pela falta de educação em casa e nas escolas e principalmente, pela falta de respeito dos poderes constituídos, em todas as esferas, para com uma população totalmente perdida em seus conhecimentos do que é realmente um direito seu. No entanto, enquanto se mantém um povo na ignorância, eles (os maus governantes) vão “passando a boiada” e devorando mais vidas!
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba