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Polícia investiga se arma utilizada para matar Marielle teve cano adaptado para abafar ruídos

Ao ouvir uma rajada de tiros de uma submetralhadora alemã HK, disparada por policiais da Divisão de Homicídios (DH), durante a reconstituição das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, na madrugada da última sexta-feira, uma testemunha reconheceu o barulho como sendo quase idêntico ao som dos tiros que ouvira, na noite do dia 14 de março, no Estácio, no Centro do Rio.

A diferença, segundo ela, era de que os estampidos da simulação estavam mais altos do que os disparos ouvidos no dia do crime. Umas das linhas investigadas pela polícia para explicar a diferença é a de que um armeiro, especialista que conserta armas, tenha adaptado um supressor (peça que reduz ruídos) no cano da submetralhadora usada na execução da parlamentar e do motorista.

Uma segunda linha investigada é de que os matadores tenham usado uma submetralhadora com silenciador de fábrica. Já uma terceira hipótese averiguada é a de que uma arma do mesmo tipo, mas sem mecanismo de reduzir ruídos, tenha sido utilizada. Neste caso, a munição usada no crime, desviada de um lote de treinamentos da Polícia Federal, pode ter ajudado os assassinos a produzir um disparo com ruído mais baixo, devido a uma menor quantidade de pólvora.

Segundo Vinicius Cavalcante, especialista em armas e diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança no Rio de Janeiro, é possível adaptar supressores em submetralhadoras HK:

— É possível sim. A arma pode ser adaptada com uma espécie de abafador de ruídos tanto na sua versão mais curta ( MP5 K) quanto na tradicional. Quanto menor for o potencial da munição (para treinamento, por exemplo) menor é o ruido da arma silenciada. Agora, há ainda a submetralhadora HK MP 5 SD, que já conta com silenciador de fábrica e é usada no Brasil por unidades especiais das Forças Armadas. É uma arma cara e pouco comum no país.

De acordo com Vinícius, as submetralhadoras HK contam com carregadores originais de 15 e 30 tiros. Entre as principais qualidades deste tipo de arma estão a confiabilidade e o mecanismo, que apresenta pouco defeito.

— É uma submetralhadora cara, mas que tem ótima precisão de disparo. Além disto, o mecanismo deste tipo de arma é muito confiável — disse.

Ainda de acordo com o especialista, forças de segurança usam submetralhadoras normais, ou seja, sem abafadores de ruído. A versão curta da arma, por exemplo, é usada pelo Batalhão de Operações Especiais ( Bope), no Rio de Janeiro.

— É uma arma indicada para tomada de locais fechados e é usada inclusive pelo Bope. É empregada também para segurança de autoridades, por causa de seu porte pequeno. O Bope usou este tipo de arma, por exemplo, no caso do sequestro do ônibus 174, no ano 2000 — concluiu.
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Fonte: Extra
Créditos: Extra