A Polícia Federal mais que dobrou a equipe que atua nos inquéritos envolvendo políticos no Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles os da Lava Jato, para tentar encerrar as investigações antes das eleições deste ano. O novo diretor-geral da PF, Fernando Segovia, autorizou o nomeação de mais 8 delegados, 7 escrivães e 17 analistas para atuar no Grupo de Inquérito (GINQ) responsável pelas 273 investigações em andamento na Corte. No STF tramitam os casos envolvendo políticos com foro por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado.
Com a meta de encerrar todas as investigações até o início da campanha eleitoral, a PF deve se posicionar nos próximos meses em relatórios finais sobre a prática ou não de crimes em casos envolvendo o presidente Michel Temer, a cúpula do governo e de seus principais aliados. São investigados atualmente pelo GINQ, além de Temer, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Gilberto Kassab (Comunicações, Ciência e Tecnologia), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e aliados como os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), além do presidente do PMDB, o senador Romero Jucá, do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e do peemedebista Renan Calheiros (AL). Todos negam envolvimento em irregularidades.
A oposição também deve ser alvo do novo ritmo das investigações. São investigados pelos GINQ, entre outros, a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), o senador Jorge Viana (PT-AC) e os deputados petistas Arlindo Chinaglia, Carlos Zarattini, Zeca Dirceu e Marco Maia.
No caso de Temer, a PF ainda não concluiu um último inquérito solicitado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. A abertura de investigação foi autorizada pelo ministro do STF Luis Roberto Barroso, em agosto de 2017, depois de análise de documentos apreendidos na Operação Patmos, que deflagrou o caso J&F em maio, e interceptações telefônicas do então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) com Temer tratando de um decreto relacionado ao setor dos portos. Temer e Rocha Loures são suspeitos dos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e corrupção passiva.
Aumento de pessoal. Na gestão anterior da PF, comandada por Leandro Daiello, o GINQ contava com 24 policiais federais. A partir de agora serão 56 policiais divididos em 13 equipes formadas por 1 delegado, 1 escrivão e 2 agentes. Os outros investigadores atuarão no apoio a essas equipes. Somente o número de delegados, que presidem o inquérito, saltou de 9 para 17. A equipe ainda continua sob a tutela da Coordenação de Combate à Corrupção, chefiada pelo delegado Josélio de Azevedo, e dentro da diretoria de Combate ao Crime Organizado (Dicor), comandada pelo delegado Eugênio Coutinho Ricas.
Ao Estado, Ricas afirmou que a meta é concluir todos os inquéritos antes do início da campanha eleitoral. Atualmente, o GINQ tem sob sua responsabilidade 273 inquéritos, sendo que desse total 124 estão diretamente relacionados à Lava Jato. “Esse aumento significativo demonstra de forma clara que a prioridade da atual gestão da PF é o combate à corrupção”, afirmou Ricas.
Ao assumir o cargo, em novembro de 2017, Segovia havia afirmado que uma de suas prioridades era dar mais celeridade às investigações envolvendo políticos e que a meta era evitar que essas investigações influenciassem a disputa eleitoral. “Foi detectado que uma falta de contingente da PF tem deixado a velocidade de produção um pouco menor do que talvez fosse o necessário. Tanto que já houve até uma reclamação de ministros do STF de que algumas investigações da PF estavam paradas”, afirmou Segovia à imprensa no dia 14 de novembro, após reunião com integrantes da operação Greenfield que também pediam apoio de mais policiais para a investigação.
Fonte: Estadão
Créditos: Fábio Serapião