“Não avisaram nada, foram jogando gasolina e ateando fogo.” O relato do pai de um dos 15 feridos que estavam em um ônibus incendiado por traficantes na Rodovia Presidente Dutra, em Nova Iguaçu, revela a crueldade dos criminosos. Segundo a polícia, o ataque foi em represália a uma ação do 20º BPM (Mesquita), às 22h de sábado, que deixou dois bandidos mortos e dois outros feridos. Foram apreendidas quatro armas e drogas. Ao todo, cinco ônibus foram incendiados, entre a noite de anteontem e a manhã de ontem, em Nova Iguaçu.
Desde a manhã deste domingo, o policiamento está reforçado na região. Nesta segunda-feira, agentes da Polícia Civil prosseguem as investigações atrás dos suspeitos de atearem fogo nos ônibus.
— As pessoas estavam voltando do jogo do Flamengo contra o Botafogo, e, de repente, bandidos jogaram gasolina e atearam fogo. Não avisaram para os passageiros descerem. Sou pai de uma vítima de 19 anos que ficou em estado de choque, em trauma, e está internada. Precisamos de providências. Isso tem que acabar. Os caras chegam, param tudo, põem fogo. Há um descaso com a segurança. Não podemos mais sair, nem andar de ônibus — conta o pai do jovem, que pediu para não ser identificado.
Na noite de sábado, o ônibus em que estavam os feridos, da linha 106 (Paracambi x Nova Iguaçu), foi interceptado por um grupo de cerca de dez traficantes armados, na altura de Rosa dos Ventos, perto da comunidade Inferninho. Cerca de 40 minutos depois, bandidos atearam fogo a um segundo coletivo, da linha 05 (Riachão x Guanabara), que passava pela Rua Alcir Brasil, em Comendador Soares. O terceiro ataque, contra um coletivo da linha 122B (Comendador Soares x Central), ocorreu meia hora mais tarde, na Rua Lafaiete Pimenta, também em Comendador Soares.
Segundo a polícia, a ordem para incendiar os três ônibus partiu de um bandido conhecido na região como Jeremias ou Rei do Fumo. Três vítimas seguem internadas no Hospital da Posse.
Em Ambai, houve tempo para sair
Os outros dois ônibus foram incendiados, na manhã de ontem, na Avenida Henrique Duque Estrada Meyer, no bairro Ambai, próximo à comunidade do Buraco do Boi. Esse ataque, segundo a polícia, não tem ligação com os ocorridos na véspera. Em Ambai, o motivo seria uma operação da PM, que terminou com a prisão de um bandido, que ficou ferido ao tentar lançar uma granada contra policiais.
Segundo dados da Fetranspor, com os últimos cinco casos, desde 2016, são contabilizados 72 ônibus destruídos por bandidos na Baixada Fluminense, o que corresponde a 40% do total registrado no estado (182). Em nota, a empresa afirmou que “seguem monitorando a operação na região para garantir a segurança de passageiros e rodoviários.
Em 2005, cinco mortos na Penha
Não é a primeira vez que bandidos agem com extrema crueldade contra passageiros numa reação à morte de comparsas. Em 29 de novembro de 2005, o incêndio no ônibus 350 (Passeio-Irajá), na Penha, chocou a opinião pública. Na barbárie, cinco passageiro morreram — entre eles, um bebê de 1 ano — e outras 16 pessoas sofreram queimaduras graves.
Os criminosos interceptaram o ônibus. Quando o motorista parou, um homem com uma garrafa plástica nas mãos pulou a roleta, jogou gasolina no corredor do veículo e nos passageiros. Os bandidos atearam fogo e impediram que o motorista abrisse a porta traseira do coletivo para que as pessoas pudessem sair. Ao mesmo tempo, um outro criminoso tirava o motorista à força do veículo. Alguns passageiros escaparam com o corpo em chamas e saíram correndo pela rua. Três suspeitos do crime foram julgados e condenados.
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Fonte: Extra
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