Servidora de carreira da área, a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Izabel Lima Pessoa, pediu demissão do cargo. Ela afirmou ao GLOBO que sua saída se deve exclusivamente a questões familiares. Pessoa perdeu o marido há cerca de 15 dias vítima de Covid-19 e, nesse momento, preferiu deixar a secretaria.
A saída dela acontece no mesmo dia em que os ministros Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e Fernando Azevedo, da Defesa, pediram para deixar o governo federal.
Izabel Pessoa é considerada um quadro técnico de peso na equipe do MEC, que servia como um contrapeso à condução ideológica na pasta. Nos bastidores, a decisão de pedir demissão é vista também como uma reação a pressões vindas principalmente do secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, único remanescente da equipe do primeiro ministro da Educação do governo Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodriguez.
Nadalim, seguidor do “guru” da direita Olavo de Carvalho, é considerado um dos quadro mais ideológicos da pasta. Como idealizador de uma política de alfabetização patrocinada pela pasta, já entrou em conflito com pessoas da área, ao, por exemplo, idealizar uma avaliação própria da etapa, mesmo já existindo testes aplicados pelo governo federal via Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Outra mudança relacionada à área comandada até então por Izabel Pessoa foi a dissolução de um grupo de especialistas que discutiam a renovação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, principal indicador do país, e o repasse da tarefa para a secretaria-executivo do MEC. A equipe desfeita tinha sido formada na gestão de Alexandre Lopes, demitido do cargo de presidente do Inep pelo ministro Milton Ribeiro.
A mudança em editais para compra de livros didáticos, com retirada de menções a itens como “não-violência contra a mulher”, é outro episódio recente que não foi bem visto pelo quadro mais técnico da Secretaria de Educação Básica do MEC.
Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: O Globo