Os peitos femininos ganharam os noticiários. Na Inglaterra, uma mulher interrompeu o ritual de amamentação de outra. Pediu que ela encontrasse um lugar mais reservado, pois seu marido ficava distraído. Isso mesmo. Levou uma merecida esguichada de leite na cara.
No Brasil, a deputada estadual Ana Paula da Silva (PDT-SC) foi achincalhada nas redes sociais por gente incomodada com o generoso decote usado no dia de sua posse. Prefeita duas vezes de Bombinhas, ela saiu do cargo com aprovação altíssima e se elegeu com a quinta maior votação do estado. Mas o país ficou sabendo dela por causa dos peitos.
Precisamos de leis que garantam o direito das mulheres de alimentar os filhos sem que sejam repreendidas porque maridos podem ficar perturbados. Diante da turba, a Assembleia catarinense se manifestou e afirmou que o decote da deputada não viola o regimento interno da casa. Não é incrível?
Os peitos das mulheres ainda são um problema terrível aos olhos de sociedades muito ou pouco conservadoras. Não à toa temos movimentos que lutam pela liberdade deles, como o “Free the Nipple”. Você acha exagero? Foi parar no STF o caso de uma ativista condenada por ter desnudado o peitoral numa manifestação. Como se o tribunal não tivesse coisas mais importantes para decidir.
A pouca representatividade feminina e sobretudo jovem na política dá margem a situações em que uma congressista é criticada pelo que veste. Houvesse mais mulheres em cargos eletivos, as pessoas teriam de se acostumar na marra com decotes, saias e roupas justas, porque é assim que muitas jovens se vestem.
O ambiente masculino, sisudo, hostil e quase monocromáticos na política começa a ser chacoalhado pela presença feminina, que não deve se esconder em terninhos caretas para ser levada a sério. O que as mulheres precisam é apenas ter peito para ocupar seus espaços. E, se quiserem, mostrá-los em decotes generosos.
Fonte: Folha de São Paulo
Créditos: Mariliz Pereira Jorge